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PF: traficante foi mandante das mortes de Dom e Bruno

23 de janeiro de 2023

Suspeito de liderar organização criminosa de pesca ilegal no Vale do Javari estaria por trás dos assassinatos, afirma superintendente da PF. Também é identificado mais um suspeito de envolvimento nos crimes.

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Placa com desenho dos rostos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari, no Amazonas
Jornalista britânico Dom Phillips e indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari, no AmazonasFoto: Eraldo Peres/AP Photo/picture alliance

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Fontes, confirmou nesta segunda-feira (23/01) que o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, foi o mandante dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho do ano passado, no Vale do Javari, no Amazonas.

Bruno e Dom foram mortos a tiros na manhã do dia 5 de junho, durante uma expedição pelo Vale do Javari, e tiveram seus corpos queimados e enterrados. Seus cadáveres só foram encontrados dez dias depois.

Villar é suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, localizada na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.

Segundo as investigações, ele tinha relação direta com Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", que está preso e confessou participação nas mortes de Bruno e Dom. O irmão de Amarildo, Oseney, e Jefferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", também estão sob custódia por envolvimento nos crimes.

"Não tenho dúvida que o mandante foi o 'Colômbia'. Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo", disse Fontes.

A PF conseguiu identificar a participação de mais um irmão de Amarildo no crime. Edvaldo da Costa Oliveira teria fornecido a arma utilizada para matar Dom e Bruno. Ele vai responder como partícipe nas mortes.

"Nas nossas investigações iniciais, ele teria participado da ocultação de cadáver, mas ficou evidente que ele participou materialmente. Ele entregou a espingarda calibre 16 nas mãos do Jeferson, ciente de que ele a utilizaria no assassinato de Bruno e Dom", disse Fontes.

Primeiras audiências

O indigenista e o jornalista desapareceram durante uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho uma embarcação no rio Itaquaí, ao passarem pela comunidade de São Rafael, rumo a Atalaia do Norte.

Eles teriam sido mortos a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Um laudo de peritos da PF concluiu que Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça, enquanto Dom foi baleado uma vez, no tórax.

Na semana passada, a Justiça Federal do Amazonas remarcou as primeiras audiências do processo sobre os assassinatos de Dom e Bruno. Após um adiamento por problemas técnicos, as oitivas foram confirmadas para ocorrerem em 20, 21 e 22 de março.

O processo tramita na Vara Federal de Tabatinga (AM). O juiz do caso, Fabiano Verli, disse que serão ouvidas nas primeiras audiências as testemunhas de acusação e de defesa e os réus.

Tabatinga, localizada na tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, é cidade é a segunda mais próxima de Atalaia do Norte, município vizinho da TerraIndígena Vale do Javari.

A região onde o crime ocorreu tem a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo e é alvo da cobiça de criminosos. 

rc (ots)