Peças inéditas da Companhia de Dança Pina Bausch
Seis anos após a morte de Pina Bausch, a companhia de Dança-Teatro de Wuppertal prepara-se para apresentar trabalhos inéditos. Nova fase do grupo fundado pela revolucionária coreógrafa alemã gera enorme expectativa.
Companhia sob nova direção
No segundo semestre deste ano, a companhia de Wuppertal leva aos palcos suas novas criações. As apresentações ao público aficionado serão divididas em três noites de dança. O júri para seleção dos coreógrafos foi composto pela dançarina Myriam De Clopper; o diretor do teatro britânico Sadler’s Wells, Alistair Spalding, e o diretor do Centro de Dança de Essen (PACT), Stefan Hilterhaus.
A revolução da dança-teatro
No início de sua trajetória, ninguém imaginava que a companhia da provinciana cidade de Wuppertal, na Alemanha, viria a se tornar mundialmente famosa. A talentosa bailarina e coreógrafa Pina Bausch desenvolveu um método completamente novo para a dança moderna. Sua obra provocou uma revolução na arte do movimento e redefiniu o mundo da dança.
Radicalismo expressivo
A célebre coreógrafa engajava apenas bailarinos que, em seus olhos, possuíam alguma excentricidade. Em 1973, ela fundou a Companhia de Dança-Teatro de Wuppertal, que é conhecida até hoje por seu radicalismo expressivo. São poucos os bailarinos que conseguem interpretar as coreografias de Bausch. As peças se adequam à personalidade dos dançarinos.
Um pesadelo encenado
As peças radicais da jovem Pina irritavam o público na década de 1970. Suas coreografias experimentais e visões ousadas do movimento iam de encontro a todas as convenções da época. Durante as primeiras apresentações no teatro de Wuppertal, alguns espectadores se retiraram indignados, em protesto. A companhia chegou até a receber cartas de reclamação e ameaças.
A reinvenção da dança
Os bailarinos de Pina Bausch não dançavam apenas: eles corriam, falavam, cantavam, choravam ou riam, enquanto a coreografia exigia deles total concentração. Eles interpretavam a dança de forma revolucionária. Dançarinos e coreógrafos do mundo inteiro se perguntavam: onde eles aprenderam a se mover assim? Afinal, são cantores, atores ou bailarinos? Nunca se havia visto algo igual.
Ausência de hierarquias
As peças de Pina Bausch (foto) eram de uma honestidade admirável e expressavam a interioridade em forma de movimento. Isso ela alcançava a partir da colaboração e do contato íntimo com os bailarinos. Em sua companhia, não havia solistas nem hierarquias. Todos os membros do grupo tinham a mesma relevância e contribuíam com ideias próprias para as coreografias e encenações.
A união do grupo
Quem entrou para a companhia de dança de Bausch permaneceu lá por um longo período, ou continua até hoje. A companhia de dança-teatro logo ganhou renome internacional, sem perder a sua singularidade. Mesmo após a morte de Pina Bausch, no dia 30 de junho de 2009, o grupo continuou a encenar as peças de sua mentora. Hoje a companhia conta com cerca de 30 dançarinos, entre 24 e 60 anos.
O repertório da companhia
Após a morte de Pina Bausch, o bailarino Dominique Mercy e o teatrólogo Robert Sturm assumiram a direção artística da companhia. Mercy é um dos membros mais antigos do grupo. Seu objetivo é preservar o repertório de Pina Bausch o maior tempo possível. Em 36 anos, Pina criou 46 coreografias. Algumas delas se tornaram clássicos. Na foto, Mercy dança no filme "Pina", do diretor alemão Wim Wenders.
História de dança no palco do Oscar
Com o documentário "Pina", Wim Wenders fez uma bela homenagem a Pina Bausch e à sua cidade natal. Wuppertal fica no oeste da Alemanha e se tornou conhecida pelo grupo de dança-teatro e por seu bonde suspenso. O filme em 3D com o grupo de Pina Bausch foi indicado ao Oscar em 2002, na categoria "Melhor Documentário".
Direitos autorais de Pina Bausch
As coreografias de Pina Bausch só podem ser encenadas pela companhia de Wuppertal. Por isso, era comum o grupo ficar meses viajando enquanto se apresentava mundo afora. Seu repertório é composto por 40 obras. Como mostra a foto, nele está incluído a famosa "Kontakthof" ("Pátio de Contato"). Até 2013, os clássicos de Pina Bausch só podiam ir ao palco em conformidade com os contratos.
Guinada cuidadosa
Em 2013, o professor de dança Lutz Förster assumiu a direção artística do famoso grupo, do qual foi membro por um longo período, além de professor da Universidade de Artes Folkwang em Essen. Ele visualizou uma reorientação cuidadosa para a companhia de dança-teatro. Este ano, estreia o primeiro trabalho sob sua direção.
O legado de Pina
No dia 27 de julho deste ano, Pina Bausch completaria 75 anos. Lutz Förster disse que, futuramente, a companhia deseja cooperar com diferentes coreógrafos e não se concentrar em apenas uma pessoa. "Não vai existir uma nova Pina Bausch." Para ele, era essencial que os 35 membros do grupo participassem do novo trabalho. Bem no espírito da fundadora.