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Pesquisadores usam espinafre como detector de explosivos

31 de outubro de 2016

Com ajuda da nanotecnologia, cientistas americanos inserem nanotubos de carbono em plantas de espinafre, possibilitando que componentes químicos usados na fabricação de explosivos sejam detectados.

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Espinafre
Foto: Fotolia/nata_vkusidey

Um estudo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, revelou que os espinafres podem se transformar em detectores de explosivos e transmitir informação para um aparelho parecido com um smartphone, graças à nanotecnologia.

O estudo publicado nesta segunda-feira (31/10) na revista Nature Materials é uma das primeiras demonstrações do que os pesquisadores denominam "plantas nanobiônicas", às quais podem ser aplicados sistemas de engenharia eletrônica.

"O objetivo da nanobiônica vegetal é introduzir em uma planta nanopartículas que lhe conferem capacidades que não lhe são próprias", explicou, em comunicado, o autor do experimento e professor de Engenharia Mecânica no MIT, Michael Strano.

No caso dos espinafres, os especialistas do MIT integraram nanotubos de carbono que possibilitam a detecção de explosivos. Assim, as plantas foram desenvolvidas para detectar componentes químicos chamados nitroaromáticos, que costumam ser utilizados na fabricação de minas terrestres e outros explosivos.

Quando um desses compostos químicos aparece na água subterrânea, os nanotubos de carbono inseridos nas folhas dos espinafres emitem um sinal fluorescente que pode ser lido com uma câmera infravermelha. Esta pode ser conectada a um pequeno computador, similar a um telefone, que envia um e-mail ao usuário.

Poder das plantas

De acordo com Strano, o experimento é uma nova demonstração da necessidade de superação da barreira de comunicação planta/humano. O pesquisador acredita que o poder das plantas poderia ser aproveitado para alertar sobre a presença de poluentes e de algumas condições ambientais como as secas, algo que elas sentem muito rapidamente.

A primeira demonstração de nanobiônica vegetal do MIT ocorreu há dois anos, num projeto a cargo de Strano e do estudante de pós-doutorado Juan Pablo Giraldo. Ambos utilizaram nanopartículas para aumentar a capacidade de fotossíntese das plantas, convertendo-as em sensores para detectar óxido nítrico, um dos poluentes produzidos pela combustão.

Segundo Strano, as plantas estão adaptadas para monitorar o meio ambiente, já que absorvem muita informação de seu entorno e são muito boas em análises químicas. Isso ocorre graças à extensa rede formada por suas raízes, que absorvem a água subterrânea e a transportam para suas folhas.

Os nanotubos de carbono fabricados pelo MIT podem ser usados como sensores para detectar um amplo leque de moléculas e, quando a molécula-alvo se une a um polímero que envolve o nanotubo, este altera sua fluorescência. Neste estudo, os pesquisadores introduziram sensores na parte posterior das folhas de espinafre para detectar os nitroaromáticos.

Strano assinalou que esse tipo de tecnologia pode ser aplicada a qualquer planta. Também pode ajudar os botânicos a saber mais sobre os processos internos das plantas, monitorar sua saúde e aumentar o rendimento dos compostos sintetizados por algumas delas e que são utilizadas na medicina.

CN/efe/ots