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Pesquisadores brasileiros aguardam parceria com o CERN

Kamila Rutkosky 15 de dezembro de 2012

O maior laboratório de física do mundo está interessado no Brasil. Apesar de a parceria não estar formalizada, muitos brasileiros já participaram de pesquisas importantes na organização.

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Foto: dapd

O Futurando mostrou nesta semana que a Alemanha também possui um acelerador de partículas. O mais famoso aparato do tipo, no entanto, está na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês) na fronteira entre a França e a Suíça. O Brasil poderá ser parceiro da instituição, mas nenhuma decisão foi tomada até agora.

O CERN é um dos maiores projetos de cooperação científica do mundo, cientistas de 113 nacionalidades trabalham na organização e metade dos físicos de partículas do mundo já passaram por lá.  Primeiramente eram aceitos apenas países europeus como membros. Mas, com a crise financeira na Europa, o CERN começou a investir em parcerias com países de todo o mundo.

Participação brasileira no CERN

Muitos cientistas brasileiros desenvolvem pesquisas no CERN, no entanto o Brasil ainda não tem uma parceria formalizada com a organização. Para ser parceiro do centro, é preciso investir uma quantia alta na instituição. A taxa anual é calculada em função do PIB do país e há dois anos, quando as negociações começaram, o valor já estava em mais de dez milhões de dólares.

Para o engenheiro brasileiro Denis Damazio, que é um dos pesquisadores no CERN, com a parceria a organização ganharia, além do investimento, novos pesquisadores brasileiros, funcionários da instituição. O engenheiro comenta que o Brasil também tem a ganhar. Empresas brasileiras poderiam participar das licitações e construir peças para a organização. E também seria possível utilizar tecnologias patenteadas pelo CERN, sem ter que pagar mais por isso.

Damazio comenta que outra vantagem seria enviar mais pesquisadores para a formação no CERN. "Essa é uma experiência proveitosa. Muitos cientistas voltam para o Brasil depois dos estudos e trazem junto toda a experiência adquirida. Isso tem um impacto relevante." Mais de 608 universidades são parceiras do CERN. O Brasil tem nove instituições colaboradoras que enviam alunos e pesquisadores para a organização.

Peter Higgs criou a teoria do bóson de Higgs em 1964
Peter Higgs criou a teoria do bóson de Higgs em 1964Foto: Reuters

Acesso a conteúdo científico do CERN em português

Damazio também trabalha traduzindo conteúdo científico produzido no laboratório para o português. "Há uns dois anos, eu tento traduzir o material científico do Atlas para o português para tentar fazer divulgação científica nas escolas do Brasil", comenta.

O Atlas, um dos laboratórios do CERN, também possui um canal com 24 horas de programação, transmitindo informações em português ou legendadas. Para escolas que querem mais contato com os cientistas, também é possível fazer uma visita virtual. "A escola se conecta e nós [os cientistas] conversamos diretamente com eles".

Brasil irá construir seu segundo acelerador de partículas

O Brasil também possui um acelerador de partículas. Mas, diferente do CERN, ele é usado para outras finalidades, como para pesquisas com raios-X e ultravioleta. O primeiro acelerador de partículas da América do Sul foi construído no Brasil. A construção começou em 1987, mas ele só ficou pronto em 1997. Cerca de dois mil pesquisadores utilizam o laboratório anualmente.

Ricardo Rodrigues foi coordenador técnico do primeiro acelerador e agora coordenará também a nova fonte de luz síncrotron, que será construída a partir de 2013. "O projeto novo é bem maior e mais moderno. [...] Nós o estamos projetando para ser a fonte mais brilhante de luz síncroton do mundo", diz. A conclusão do moderno acelerador de partículas está prevista para 2016.