Pesquisa indica vitória de Juppé sobre Sarkozy em debate
14 de outubro de 2016O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi forçado a ficar na defensiva e saiu derrotado do primeiro debate entre candidatos de centro-direita que disputam uma vaga na corrida à presidência, nesta quinta-feira (13/10). O ex-primeiro-ministro Alain Juppé foi apontado pelos telespectadores como o vencedor do debate.
Uma pesquisa de opinião do instituto Kantar Sofres, divulgada nesta sexta-feira, aponta que, entre os sete participantes, 36% do público viram Juppé, que foi primeiro-ministro de 1995 a 1997 e é o atual prefeito de Bordeaux, como o vencedor da noite. Sarkozy, que presidiu o país de 2007 a 2012, ficou com 22% dos votos.
O também ex-primeiro-ministro François Fillon e o ex-ministro Bruno Le Maire ficaram, cada um, com 11% da preferência dos telespectadores. Os ex-ministros Nathalie Kosciusko-Morizet e Jean-François Copé e o ex-líder democrata-cristão Jean-Frédéric Poisson obtiveram menos de 5%.
Em outra sondagem divulgada pela emissora BFM TV após o debate, 32% dos entrevistados consideraram Juppé "o mais convincente" entre os candidatos de centro-direita. Sarkozy ficou com 27% da preferência.
O ex-presidente sofreu ataques de seus ex-ministros e aliados partidários. Eles questionaram por que o ex-líder seria diferente do que em seu primeiro mandato e lembraram que ele enfrenta uma série de investigações judiciais envolvendo corrupção, fraude e irregularidades no financiamento de campanha.
O ex-presidente nega as acusações. "Após 37 anos na política, minha ficha criminal está limpa", insistiu. "Vocês acham que eu participaria desta campanha se tivesse algum peso na consciência?"
Economia, imigração e terrorismo
O debate mostrou semelhanças entre os sete candidatos quanto a propostas econômicas que visam reduzir os gastos públicos e afrouxar ou até eliminar a tradicional carga horária francesa de 35 horas semanais.
Segundo analistas, o discurso mais moderado de Juppé em temas espinhosos e controversos, como imigração e a luta contra o terrorismo islâmico, garantiu-lhe mais apoio que a Sarkozy. O ex-presidente foi acusado de se aproximar de algumas ideias de ultradireita do partido Frente Nacional (FN).
Sarkozy vem fazendo campanha usando o argumento populista de proteger a identidade nacional francesa, frear a imigração e dar à "maioria em silêncio" mais voz na política por meio de referendos sobre temas controversos. No debate desta quinta-feira, ele voltou a defender a prisão de centenas de suspeitos de radicalismo islâmico sem a autorização prévia de um juiz e a proibição ao burquíni, traje islâmico de banho.
Este foi o primeiro de três debates entre a centro-direita francesa antes das duas etapas das primárias – uma a ser realizada em 20 de novembro, e a outra, o segundo turno entre os dois mais votados, em 27 de novembro.
Nas eleições presidenciais de abril de 2017, os conservadores buscam desbancar o Partido Socialista (PS), no poder desde 2012, e frear o avanço da Frente Nacional, liderada por Marine Le Pen.
Todos os sete candidatos presentes no debate desta quarta-feira fizeram duras críticas ao atual presidente, François Hollande, o líder francês com piores taxas de aprovação de todos os tempos e possível rival nas eleições do ano que vem.
LPF/efe/rtr/afp