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Peritos em Oriente Médio analisam tática de Sharon

rw3 de fevereiro de 2004

Intenção de Ariel Sharon de remover assentamentos judaicos na Faixa de Gaza foi recebida com surpresa também na Alemanha. Comentarista da Deutsche Welle e perito da Fundação Ciência e Política saúdam a decisão de Israel.

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Forte segurança para colonos israelenses em GazaFoto: AP

O governo israelense pretende iniciar em meados do ano a remoção de 17 assentamentos judaicos na Faixa de Gaza. No território de 363 km2 no sudoeste de Israel vivem cerca de 7500 judeus, fortemente protegidos por soldados israelenses, ao lado de 1,4 milhão de palestinos.

O vice-chefe de governo, Ehud Olmert, disse nesta terça-feira (3) que a decisão unilateral deve ser posta em prática em junho ou julho "se não houver progressos no processo de pacificação do Oriente Médio". Os detalhes da remoção serão apresentados por Ariel Sharon a George W. Bush nas próximas semanas, em Washington. Antes de iniciar com a desocupação, o primeiro-ministro de Israel quer a aprovação do presidente norte-americano.

Na opinião de Peter Philipp, analista da Deutsche Welle especializado em Oriente Médio, o anúncio de Sharon deve-se a motivos táticos. Não somente em Israel, muitos consideraram populista a decisão anunciada por Sharon já em dezembro numa entrevista ao jornal Haaretz, de que ordenaria "medidas unilaterais" caso os palestinos não se mostrassem dispostos a novas negociações de paz.

Sharon sempre apoiou assentamentos

Embora a segurança na Faixa de Gaza sempre tenha sido um grande problema e governos anteriores já tenham sugerido que Israel se livrasse primeiro desta área, as reações ao recente anúncio de Sharon foram de ceticismo. Com razão, na opinião de Philipp.

"Enquanto ministro de governos anteriores, o próprio Sharon incentivou o assentamento, assegurando aos colonos serem eles a garantia de que a nação bíblica 'Eretz Israel' pertencerá para sempre ao Estado de Israel", observa o jornalista alemão. Para Philipp, é possível que a declaração de segunda-feira tenha sido motivada por motivos táticos e não por senso político.

Ariel Scharon
Primeiro-ministro Ariel SharonFoto: AP

"Em vista da visita a Washington em algumas semanas, Sharon quer mostrar-se conciliador e aberto a concessões. As primeiras reações norte-americanas − positivas − parecem lhe dar razão. Deve ser tática, também, para deixar em segundo plano uma discussão que vem encurralando Sharon nos últimos tempos: as denúncias de corrupção envolvendo o primeiro-ministro e seus dois filhos", escreve o jornalista alemão.

Sharon não tem mandato ameaçado

Uma tática, também, segundo Philipp, para responder às acusações de que o chefe de governo israelense não vem fazendo nada pela segurança. "A não ser a construção do controvertido muro, motivo pelo qual Israel terá de se justificar diante do Tribunal Internacional de Haia ainda em fevereiro", ressalta.

Como tantas vezes no passado, resta esperar se o anúncio de Sharon será seguido de ações e quais serão elas. Ele já deu a entender e anunciou muitas coisas. Contudo, o que acabou concretizando geralmente eram as ameaças. "A retirada de Gaza, entretanto, não seria uma ameaça e sim um progresso", conclui Philipp.

Também o perito em Oriente Médio da Fundação Ciência e Política, Volker Perthes, ficou surpreso com o anúncio. "Fiquei surpreso com os dados concretos anunciados por Sharon", diz Perthes. Ele não acredita que as críticas dos colonos israelenses e a resistência anunciada dentro do próprio partido de Sharon ameacem o mandato do primeiro-ministro:

− Se irá remover dois ou 17 assentamentos como pretende na Faixa de Gaza, acho que isto não o ameaça de forma nenhuma. Para isto, ele sempre pôde contar com uma maioria do partido trabalhista e de outros grupos de esquerda no Parlamento, que lhe dariam apoio no caso concreto de uma retirada.