Páscoa
12 de abril de 2009Há séculos, famílias de diversas partes do mundo celebram a maior festa do Cristianismo de maneira parecida. No sábado, com a missa da Vigília Pascal seguida da queima simbólica do Judas e, no domingo, através da missa de Páscoa e da busca por ovos coloridos no jardim.
No entanto, já nem todo mundo sabe por que se celebra a Páscoa. Na Alemanha, pesquisas indicam que 20% das pessoas desconhecem as origens da festa. E a figura do coelho da Páscoa não exatamente ajuda, já que ele nada tem a ver com a ressurreição de Cristo. A culpa disso é justo dos protestantes, concluiu em diversos estudos o pesquisador de costumes Alois Döring, de Bonn.
O coelho
Um dos símbolos mais conhecidos desta época do ano, o coelho foi uma invenção protestante. "Crianças católicas sabiam que na Páscoa poderiam voltar a comer ovos, que durante a Quaresma eram proibidos. Mas como explicar às crianças protestantes por que, de repente, havia tantos ovos na Páscoa?", explica Döring.
Foi por isso que os protestantes criaram as histórias do coelho que distribuía, de casa em casa, os ovos acumulados durante o período. Além disso, o coelho era um símbolo da fertilidade – o que aliás não explicava como o animal, na condição de mamífero, tinha tantos ovos.
Os protestantes não se preocuparam muito com a Biologia, mas, sim, com os costumes católicos como o de fazer os fiéis rirem durante as missas de Páscoa. Enquanto protestantes celebravam a ressurreição de Cristo no domingo de Páscoa com muita seriedade e silêncio, em muitas igrejas católicas procurava-se comemorá-la de forma festiva.
Durante o período barroco, era comum até que padres católicos contassem anedotas aos fiéis. E o púlpito, muitas vezes, era transformado em ateliê. "De muitos sermões, pode-se até tirar belas passagens sobre a pintura e a decoração de ovos de Páscoa, que nos séculos 17 e 18 eram comuns. Ou foram se tornando comuns", conta Döring.
O ovo
Contra os ovos em si, os protestantes não tinham nada. Eles sempre foram tidos como símbolo de vida nova e, assim sendo, da ressurreição de Jesus Cristo. A tradição de pintar, decorar e presentear os ovos já existia desde os primórdios do Cristianismo.
"Antigamente, era comum pintar os ovos apenas de vermelho, para simbolizar tanto a cor do sangue de Cristo quanto a do amor que ele nutria pela humanidade. Isso ainda é assim na Igreja Ortodoxa", conta Döring. "E a decoração servia para distinguir os ovos bentos dos não bentos durante a Páscoa."
Com o passar do tempo, diversos outros costumes foram criados em torno do ovo, como por exemplo, a brincadeira de escondê-los. Segundo Döring, estes continuarão existindo. Afinal de contas, já estão definidos os feriados de Páscoa para os próximos séculos. "O famoso matemático [Johann Friedrich Carl] Gauss desenvolveu uma fórmula para calcular a data da Páscoa nos próximos dois mil anos. Quem souber como usá-la, pode saber em que dia cairá a Páscoa no ano de 3575."
Mas muitos nem querem saber disso. O importante é que a Páscoa vem sendo celebrada há 1.684 anos no primeiro dia de lua cheia depois do início da primavera europeia, isto é, entre os dias 22 de março e 25 de abril. Ou seja, quando os coelhos voltam a saltitar pelos campos.
Autora: Sabine Damaschke
Revisão: Soraia Vilela