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Pena para líder opositor venezuelano pode chegar a dez anos de prisão

20 de fevereiro de 2014

Detido em penitenciária militar, Leopoldo López se livrou das acusações de terrorismo e homicídio, mas ainda responde por série de outros delitos. Maduro diz que assim deve ser feito "com todos os fascistas".

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Demo Caracas Venezuela
Foto: Reuters

O líder opositor Leopoldo López, pivô da grave crise política instaurada nas últimas semanas na Venezuela, vai permanecer pelo menos 45 dias num centro de detenção nos arredores de Caracas até que seja julgado.

Acusado pelo governo de Nicolás Maduro de ser o responsável pela onda de violência ocorrida durante os protestos, que deixaram seis mortos em uma semana, López será julgado por, entre outros crimes, o de instigação à delinquência , associação para delinquir e danos à propriedade pública.

Preso desde terça-feira (18/02), ele se livrou das acusações de homicídio e terrorismo, mas o Ministério Público pediu pena de dez anos de prisão. A defesa de López diz que seu cliente é vítima de perseguição política. Ela apelará nos próximos dias contra a prisão preventiva e, em caso de insucesso, não descarta ir a instâncias internacionais.

"Ele vai responder e vai para uma prisão. Assim eu fiz e assim vou fazer com todos os fascistas, onde quer que estejam", disse Maduro na madrugada desta quinta-feira, em discurso em rede nacional.

Na noite de quarta-feira, cerca de cem manifestantes se reuniram na frente do tribunal onde López deveria comparecer para ouvir as acusações. A segurança no entorno do Palácio da Justiça foi reforçada, e as ruas que levavam ao prédio foram bloqueadas.

No entanto, segundo o partido do opositor afirmou em sua conta no Twitter, a audiência foi transferida para uma prisão militar. Um dos advogados de López, Juan Carlos Gutierrez, disse que a decisão de mudar o local foi tomada de maneira ilegal por uma corte com a justificativa de proteger a vida do opositor.

Oppositionsführer Venezuela Leopoldo Lopez
Leopoldo López: opositor continua detidoFoto: Reuters

A polícia venezuelana teve de usar gás lacrimogeneo para dispersar os manifestantes em Caracas. Além da libertação de López, os protestos pressionam o governo de Maduro por conta do aumento da violência, a escassez de bens de consumo e a escalada da inflação.

Obama pede diálogo

A crise na capital venezuelana atingiu seu momento mais crítico na tarde de terça-feira, quando López, atual líder do partido oposicionista Vontade Popular, decidiu se entregar à polícia numa marcha que reuniu dezenas de milhares de pessoas.

De acordo com advogados da oposição, pelo menos 170 pessoas foram detidas em todo o país desde o início dos protestos, há cerca de 20 dias. Ainda segundo a oposição, também foram registradas denúncias de tortura entre os detidos.

O presidente dos EUA, Barack Obama, juntou-se a outros líderes mundiais e condenou a violência na Venezuela, pedindo que Maduro liberte os detidos e dialogue com a oposição.

Obama rejeitou as acusações de Maduro de que os Estados Unidos estariam envolvidos na organização das manifestações com o objetivo de dar um golpe de Estado. A Venezuela expulsou três funcionários da embaixada americana por supostamente recrutarem estudantes para participar de atos de violência.

"O governo deveria concentrar-se no atendimento das reivindicações legítimas do povo venezuelano", disse Obama durante visita ao México. "Fazemos um chamado ao governo venezuelano para que liberte os manifestantes que foram detidos e inicie um diálogo verdadeiro."

RM/afp/ap/rtr