Países do G20 investem US$ 88 bi por ano em combustíveis fósseis
11 de novembro de 2014Um relatório do Instituto de Desenvolvimento Ultramarino (ODI) apontou que as nações mais ricas do mundo gastam 88 bilhões de dólares com subsídios à exploração de combustíveis fósseis. De acordo com o instituto britânico, isso enfraquece os investimentos em energias alternativas e aumenta o risco de uma "mudança climática perigosa".
O Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália são os que mais fornecem essas subvenções, segundo o estudo. Os americanos, por exemplo, destinaram 5,1 bilhões de dólares a indústrias petrolíferas em 2013, quase o dobro do que foi gasto em 2009.
O relatório divulgado nesta terça-feira (11/11) também chamou a atenção para investimentos feitos por empresas estatais como uma forma de subsídio, sobretudo em países como Brasil, China, Índia, México, Rússia e Arábia Saudita.
"Os níveis de investimento ficam entre 2-5 bilhões de dólares na Rússia, México e Índia, até 9 bilhões na China, 11 bilhões no Brasil e 17 bilhões na Arábia Saudita", afirma o texto.
A terceira fonte de subvenção à exploração fóssil apontada pelo estudo é o financiamento público, praticado em especial em Canadá, Coreia do Sul, China, Japão e Rússia. Tais fundos seriam "investimentos antieconômicos" e "uma garantia publicamente financiada para companhias que produzem altos níveis de CO2", condena o relatório.
Crítica ao G20
A ODI alerta que os incentivos à exploração são apenas parte do problema: as subvenções para a produção e o uso de combustíveis fósseis também somaram 775 bilhões de dólares em 2012, contra apenas 101 bilhões de dólares para as energias renováveis em 2013.
Tais subsídios "podem impelir o planeta para muito longe da meta, assumida internacionalmente, de limitar o aumento da temperatura terrestre a não mais de 2ºC". Segundo o instituto britânico, isso revelaria o grande hiato entre o compromisso firmado cinco anos atrás, para diminuir o financiamento "ineficiente" de combustíveis fósseis, e as reais ações das potências do G20.
O relatório, publicado em parceira com a organização americana Oil Change International, antecipa a reunião de cúpula do G20, programada para 15 e 16 de novembro em Brisbane, Austrália. O governo australiano chegara a retirar da pauta o tema mudança climática, porém voltou atrás na decisão, devido à repercussão internacional negativa.
MMS/afp/ips/dpa