País de castelos
29 de março de 2003Conhecida também por seus castelos e fortalezas, a Alemanha preocupa-se com a preservação destas atrações turísticas. Ninguém sabe ao certo o número dessas construções no país, mas calcula-se que são entre entre 20 mil e 30 mil. A Associação Alemã de Castelos (Deutsche Burgenvereinigung) começou a elaborar um cadastro nacional digital de todas as informações disponíveis sobre essas edificações na Alemanha.
Antes de mais nada, é importante deixar clara a diferenciação feita pelo idioma alemão para dois tipos de edificação que no Brasil conhecemos apenas por "castelo". Na Alemanha existem as expressões Burg (fortaleza com muralha, geralmente construída numa elevação junto a um rio) e Schloss (castelo, edificação monumental, com arquitetura artística, não necessariamente em local de difícil acesso).
A partir do material arquivado, seus organizadores pretendem, mais tarde, publicar um dicionário especializado. Seria o primeiro do gênero em nível nacional na Alemanha . A obra mostrará, por exemplo, qual estado alemão tem a maior concentração de castelos, onde fica o mais antigo, o maior, e assim por diante.
Programa especial de computador
A única dúvida que ainda ocupa os pesquisadores da associação é relativa à forma como as informações serão disponibilizadas: se apenas na internet ou se também em compêndios impressos.
"Já houve várias iniciativas para um cadastro geral dos castelos na Alemanha, mas, por um motivo ou outro, nunca foram concluídas", informa Reinhrd Friedrich, que mora no castelo de Marksburg, intacto desde o século 14. O coordenador do Instituto Europeu de Castelos, com sede em Braubach, no vale do Reno, está otimista: "O projeto só dará certo, se muitos trabalharem juntos. Além disso, contamos com a ajuda de um programa especial de computador para facilitar o arquivamento das informações."
O levantamento não se restringe só aos castelos em estilo de fortaleza ainda inteiros ou em ruínas. Muitas edificações foram destruídas pelas intempéries, por incêndios, ou mesmo exploradas como pedreiras durante certo tempo. Também serão colhidas informações sobre locais onde hoje não restam nem mais as paredes, como sítios arqueológicos ou edificações registradas em documentos históricos.
Ao contrário do que um leigo possa supor, o lento desaparecimento dos castelos já se iniciou no século 14. Segundo o pesquisador da Baviera, Joachim Zeune, nesta época as elites começaram a mudar-se primordialmente para áreas reservadas aos nobres nas cortes, que ficavam nas cidades.
Arquivo dispõe de dados sobre 16 mil castelos
Nos seus 104 anos de existência, a Associação Alemã de Castelos reuniu informações sobre mais de 16 mil fortalezas na Alemanha. Como em 2003 a catalogação será realizada ainda de forma experimental, o arquivamento das informações no programa especial de computador só se inicia no próximo ano.
Os dados serão classificados em seis áreas distintas, incluindo, entre outros, informações sobre a construção, localização, função do prédio, aspectos históricos e da arquitetura, sobre seus proprietários e moradores.
Esta tarefa gigante terá a colaboração dos 3,5 mil associados e deve durar pelo menos cinco anos. A avaliação das informações e sua atualização constante serão de responsabilidade de um grupo de profissionais, formado, por exemplo, por arquitetos, arqueólogos e historiadores.
Para facilitar o trabalho, eles podem recorrer à biblioteca especializada do Instituto Europeu de Castelos, que, com 25 mil volumes, é a maior do gênero no continente.