Crise grega
27 de maio de 2011Após uma reunião de emergência convocada pelo presidente da Grécia, Carolos Papoulias, nesta sexta-feira (27/05), os partidos políticos gregos não conseguiram chegar a um acordo sobre o novo plano de austeridade, reivindicado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O fracasso das negociações foi confirmado pelo líder populista Georges Karatzaferis e pela dirigente comunista Alekas Papariga. O líder da oposição conservadora e presidente do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, afirmou que as negociações fracassaram principalmente por causa dos planejados aumentos de impostos.
Os comunistas gregos, principais opositores da reestruturação da economia grega, ditada pela UE e pelo FMI, não aprovaram quaisquer dos pontos sugeridos pelo primeiro-ministro grego, o socialista George Papandreou. Alekas Papariga criticou o que classificou de "chantagem" exercida pelo governo e pelos credores para obterem o apoio do povo do país ao plano de reformas.
Reunião de três horas
O líder do partido nacionalista Laos, Georges Karatzaferis, lamentou a falta de entendimento, afirmando que, desta forma, o país não conseguirá fazer progressos. "Infelizmente, alguns colocam os cargos acima dos interesses da Grécia", afirmou.
A reunião de emergência, que durou mais de três horas, foi convocada pelo chefe de Estado grego, numa última tentativa para alcançar um consenso político sobre as novas medidas de austeridade, consideradas necessárias pelo governo de Atenas para garantir a continuidade do apoio financeiro da UE e do FMI ao país.
Sem o consenso, a Grécia corre o risco de falência estatal. O FMI avisou na quinta-feira que não poderia prorrogar sua ajuda financeira, caso o Atenas não cumprisse seus compromissos para redução das dívidas. A porta-voz do FMI, Caroline Atkinson, pediu "garantias" de que a Grécia pagará suas dívidas. O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, que também preside a zona do euro, alertou na quinta-feira que o FMI pode bloquear a próxima parcela de crédito a Atenas.
Cortes e privatizações das estatais
A maioria dos partidos da oposição grega se recusou a apoiar o primeiro-ministro, George Papandreou, em seus esforços para sanear o orçamento do Estado. Os itens de maior rejeição são, além do aumento de impostos, o corte no funcionalismo público e a venda de bens estatais no valor de 50 bilhões de euros. Os trabalhadores das estatais afetadas já convocaram protestos contra a privatização, anunciada no início da semana.
Na quarta-feira passada, o primeiro-ministro grego admitiu que o governo de Atenas iria lançar novas medidas de austeridade, incluindo um ambicioso plano de privatizações, mesmo sem o apoio dos partidos da oposição.
Apelo a credores privados
Na reunião do G8 na França, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu uma maior participação de credores privados na solução dos problemas fiscais gregos, lembrando dos exemplos de Alemanha e Luxemburgo. Ele se disse contra uma reestruturação da dívida grega. "Se reestruturação significar que um país europeu não precisa pagar suas dívidas, então essa é uma palavra que não faz parte do vocabulário da França", avisou.
Sobrecarregada com a maior dívida na Europa, a Grécia precisa agora de um crédito adicional, além do que já recebeu em 2010, no valor de 110 mil milhões de euros, mas que foi insuficiente para solucionar sua situação. O Banco Central Europeu (BCE) tem sido contra uma reestruturação da dívida grega por temer um "efeito dominó" nos mercados europeus.
MD/afp/lusa
Revisão: Roselaine Wandscheer