Partido governista exige renúncia do presidente sul-africano
13 de fevereiro de 2018O partido governista da África do Sul, Congresso Nacional Africano (CNA), anunciou nesta terça-feira (13/02) ter requerido formalmente a renúncia imediata do presidente do país, Jacob Zuma, envolvido numa série de escândalos de corrupção.
Segundo o partido, a medida é necessária para que o país possa avançar rumo à estabilidade política e à recuperação econômica.
O secretário-geral do CNA, Ace Magashule, disse a repórteres que Zuma concordou, em princípio, em renunciar e propôs um período de três a seis meses para fazê-lo, o que o partido rejeita. Magashule afirmou que há uma "interação contínua" entre membros da legenda e o presidente.
Segundo o secretário-geral, a decisão de remover Zuma da presidência foi tomada após discussões exaustivas sobre o impacto de uma medida como essa sobre o país, o CNA e o governo. O partido espera que o presidente responda à determinação até esta quarta-feira.
Na África do Sul, o presidente, que ocupa as chefias de governo e de Estado, é escolhido pelo Parlamento. E as regras internas do CNA estabelecem que todos os seus membros devem submeter-se à vontade do partido.
Se, mesmo assim, se recusar a deixar o poder, Zuma poderia ser destituído por meio de uma moção de censura votada no Parlamento (de maioria governista). O trâmite está programado para o próximo dia 22, a pedido da oposição.
O primeiro na fila para ocupar o cargo de Zuma é o vice-presidente Cyril Ramaphosa, que é também líder do CNA desde dezembro do ano passado e, portanto, principal impulsor das manobras para buscar a saída prematura do presidente.
Magashule disse que o CNA espera alcançar uma "solução amigável" e que, obviamente, o partido quer que Ramaphosa assuma a presidência.
Escândalos de corrupção
No poder desde 2009 e com mandato até 2019, Zuma já sobreviveu a várias moções de censura. Em agosto do ano passado, o Parlamento da África do Sul rejeitou uma moção contra o presidente.
O novo impasse evidencia a desordem vigente no CNA, partido que foi o principal movimento contra o governo de minoria branca e que lidera a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994. Antes com o status moral de ser o partido de Nelson Mandela, o CNA teve sua popularidade abalada pelos escândalos de corrupção ligados a Zuma.
O presidente é alvo de a quase 800 acusações por corrupção, entre elas as relativas a contratos de armas do final dos anos 1990 e a investigações por ter usado o Estado para favorecer empresários vinculados com concessões públicas milionárias. Ele nega as acusações.
Em 2016, o Tribunal Constitucional da África do Sul obrigou Zuma a ressarcir o Estado em 500 mil euros gastos de forma irregular na reforma de sua residência particular.
LPF/ap/efe/afp/rtr
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