1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Estado de DireitoAlemanha

Ultradireita tem mais de cem radicais no Parlamento alemão

12 de março de 2024

Tanto a bancada como parlamentares do partido AfD têm entre seus funcionários pessoas ativas em organizações classificadas como radicais. Legenda ultradireitista dispõe de mais de 30 milhões de euros de verba pública.

https://p.dw.com/p/4dREz
Bancada a AfD no Bundestag em 2022
Bancada a AfD no Bundestag em 2022. Na 2ª fila, chefes Tino Chrupalla e Alice WeidelFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Mais indivíduos dos meios radicais de direita trabalham para os deputados do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) do que se sabia até agora. Uma reportagem investigativa da emissora Bayerischer Rundfunk (BR) constatou que gabinetes de parlamentares e a bancada do partido ultradireitista empregam mais de cem pessoas que são ativas em organizações classificadas como extremistas.

Esses colaboradores incluem ativistas ligados ao movimento identitário europeu, ideólogos da Nova Direita e diversos neonazistas. Não está claro quantos funcionários exatamente os 78 parlamentares da AfD empregam. Poucos listam suas equipes nos respectivos sites, e nem a administração do Bundestag nem a bancada da legenda fornecem dados a respeito. A própria bancada divulgou em 16 de fevereiro que emprega 182 pessoas.

Contudo a BR teve acesso aos registros atuais da bancada da ultradireita, com mais de 500 nomes, e pesquisou seus dados pessoais, conforme divulgou nesta terça-feira (12/03) o site Tagesschau.

Entre os pesquisados encontram-se, por exemplo, participantes de passeatas neonazistas nas cidades de Chemnitz, Dresden, Magdeburg e Zwickau (nos estados da extinta República Democrática Alemã [RDA], de governo comunista) e Dortmund, no oeste.

Reichsbürger e outros

Constam ainda indivíduos ligados a dois grupos ultradireitistas especialmente notórios: Reichsbürger (que rejeitam a atual República Federal da Alemanha [RFA], almejando um retorno às fronteiras do Império Alemão) e Querdenker (movimento nascido em Frankfurt em protesto contra as medidas de contenção à pandemia de covid-19).

O partido que faz alemães temerem a volta do nazismo

Chamam igualmente a atenção empregados da AfD que fundaram sucursais locais do movimento islamofóbico Pegida (acrônimo de "Europeus Patrióticos contra a Islamização do Ocidente") e integrantes do grupo "preparacionista" ou "survivalista" de direita Endkampf (Luta Final), os quais se dizem "preparados para tudo".

Entre os pertencentes à Nova Direita, estão membros da associação Ein Prozent (Um por centro), autodenominada "maior rede patriótica de cidadãos da Alemanha". Ela coleta doações para sustentar ativistas do espectro de extrema direita. Em 2023, o órgão alemão de proteção da Constituição classificou-a como "iniciativa seguramente extremista de direita".

Mais da metade dos deputados da AfD, entre os quais os chefes de bancada Alice Weidel e Tino Chrupalla, empregam pessoas ativas em organizações classificadas como extremistas de direita pelos serviços de segurança interna da Alemanha.

Mais de 30 milhões de euros de verbas públicas

A vice-presidente do Bundestag, Katrin Göring-Eckardt, definiu como "chocantes" os resultados da investigação e disse considerar funcionários com conexões ultradireitistas um perigo, pois eles visariam minar a democracia de dentro para fora. Ao todo, a bancada da AfD e seus deputados dispõem de uma verba anual de mais de 30 milhões de euros dos cofres públicos.

A emissora BR ofereceu a todos os membros da Alternativa para a Alemanha implicados a oportunidade de se manifestarem sobre as pesquisas, porém a maioria das consultas permaneceu sem resposta. Alguns parlamentares chegaram a questionar o grau de independência dos funcionários dos serviços de proteção da Constituição do país.

A bancada afirmou que não se pronunciaria sobre a reportagem "por motivos de proteção de dados e da salvaguarda dos direitos pessoais". Além disso, a classificação por um órgão de segurança interna seria "em princípio uma mera medida dessa autoridade", sem qualquer consequência jurídica e "muito menos [consequências] automáticas".

av/as (ots)