Para Vaticano, casamento gay é "derrota para a humanidade"
28 de maio de 2015A aprovação do casamento gay na Irlanda por meio de um referendo realizado no fim de semana foi apontada pelo Vaticano como uma "derrota para a humanidade". Embora o papa Francisco ainda não tenha se pronunciado a respeito da histórica votação, o secretário de Estado (um dos cargos hierárquicos mais altos da Santa Sé), cardeal Pietro Parolin, não escondeu a insatisfação com o resultado.
Em entrevista à Radio Vaticano, na terça-feira (26/05), Parolin disse que estava "muito triste com este resultado", acrescentando que o referendo mostra que a Igreja precisa se concentrar em "seu compromisso com a evangelização".
Os comentários de Parolin destacam o choque instaurado no Vaticano, após uma avalanche de votos na tradicionalmente católica Irlanda ter permitido que homossexuais se casem – apenas 22 anos depois da descriminalização de atos homossexuais no país.
O diário do Vaticano L'Osservatore Romano afirmou que a votação favorável ao casamento gay é um "desafio para toda a Igreja" e que mostrou a "distância, em algumas áreas", entre Roma e a sociedade. O jornal citou o teólogo e cardeal Georges Cottier dizendo não conseguir compreender o resultado do referendo "sem levar em conta o escândalo de pedofilia", que abalou a Irlanda durante décadas.
"A Igreja tem de encontrar uma nova linguagem que será compreendida e ouvida pelas pessoas", disse o arcebispo de Dublin, Martin Diarmuid, a repórteres após a missa de domingo, data do referendo.
A votação – e o resultado – na Irlanda impulsionou reivindicações por direitos mais amplos para casais homossexuais em outras partes da Europa, incluindo a Itália – o único país da Europa Ocidental que não permite que parceiros do mesmo sexo assinem uniões civis. O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, tem dito que está preparando uma legislação que permita criar uniões civis para casais gays.
Na Alemanha, que já permite uniões civis, a pressão está aumentando sobre os democrata-cristãos, partido da chanceler federal alemã Angela Merkel, de recuarem de sua postura de oposição ao casamento gay.
PV/rtrafp