Paraíso consagrado pela Unesco
8 de maio de 2004Os alunos viviam como numa caserna, em regime de internato, massacrados com aulas de grego, hebraico, matemática, além de castigos físicos. Um deles, o autor Hermann Hesse, documentou seus anos de tormento no conto Sob a roda.
O Prêmio Nobel da Literatura de 1946 jamais poderia suspeitar que, passado um século, o palco de seus sofrimentos juvenis se tornaria local de peregrinação para turistas de todo o mundo. Desde 1993, o Mosteiro de Maulbronn é considerado pela Unesco patrimônio cultural da humanidade.
Após a distinção, o número de visitantes do convento duplicou de um golpe, alcançando atualmente 175 mil por ano. Contudo, os 6700 habitantes de Maulbronn fazem questão de que o mosteiro não se torne estação de turismo em massa. Bem-vindo é o visitante interessado em cultura, que reserva algum tempo para uma visita ao monumento cultural com mais de 800 anos de existência.
Mudando com os tempos
Todo ano o governo estadual de Baden-Württemberg aplica de um a dois milhões de euros na manutenção do mosteiro medieval mais bem conservado que existe ao norte dos Alpes. As reformas do telhado e coro da igreja foram concluídas recentemente.
Na realidade, o mosteiro cisterciense é um canteiro de obras perpétuo. Desde sua inauguração, em 1147, a construção foi sempre ampliada e reformada no estilo característico dos diferentes séculos. Criou-se uma aldeia autônoma dentro da aldeia, com muralhas, torres, castelo de caça, moinho, estrebaria, prédios administrativos, hospital, ferraria, celeiro e diversos outros prédios secundários.
De católico a luterano
Há precisamente meio milênio não há mais monges católicos em Maulbronn. Em 1504, o mosteiro caiu sob o domínio dos Württemberg. O duque Ulrich lançou uma bala de canhão contra a igreja, para expulsar os religiosos. Com o advento da Reforma imposta por Martinho Lutero na Alemanha, a igreja tornou-se protestante. Em 1556, o duque Christoph instalou uma escola no mosteiro: neste seminário os jovens podem, ainda hoje em dia, concluir o curso de nível médio.
Para Hesse a escola era o inferno – com o paraíso dentro. Maulbronn se mantém até hoje como o autor de Siddharta a descreveu em seu conto: "Quem deseja visitar o mosteiro atravessa uma porta pitoresca, abrindo o alto muro sobre uma praça ampla e silenciosa. Uma fonte lá corre, com árvores velhas e austeras e, de ambos os lados, velhas e sólidas casas de pedra, e no fundo a frente da igreja principal, com um saguão, em estilo românico tardio, chamado paraíso".