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Papa usa termo rohingya em viagem pela Ásia

1 de dezembro de 2017

Pontífice se encontra com refugiados da minoria muçulmana em Bangladesh e se refere a eles pelo nome. Em Myanmar, ele havia sido aconselhado a evitar a palavra rohingya.

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Francisco durante encontro com refugiados da minoria rohingya em DacaFoto: Reuters/D. Sagolj

O papa Francisco se encontrou nesta sexta-feira (01/12) com um grupo de 16 refugiados rohingyas em Daca, em Bangladesh, e mencionou em público o nome dessa minoria muçulmana, o que ainda não havia feito durante a sua viagem, chamando a atenção para a crise humanitária em Myanmar.

Quando iniciou o seu giro pela Ásia no início da semana, o papa foi aconselhado a evitar o termo em Myanmar para não provocar reações violentas de extremistas. Assim, ele fez apenas menções indiretas à perseguição religiosa e étnica. Nesta sexta-feira, no entanto, disse que "não fechemos nossos corações, não olhemos para outro lado. A presença de Deus hoje também se chama rohingya".

"Em nome de todos que vos perseguiram e feriram, eu peço perdão. Eu apelo aos seus grandes corações para que nos deem o perdão que pedimos", completou o pontífice.

Desde agosto, mais de 600 mil rohingyas deixaram Myanmar em meio a uma onda de violência, que a Organização das Nações Unidas (ONU) chama de limpeza étnica. A violência e o consequente deslocamento enfrentados pela minoria muçulmana, que comumente habita o norte do estado de Rakhine, no noroeste de Myanmar, foram alvos de um minucioso escrutínio em todo o mundo.

O encontro com os refugiados rohingyas aconteceu após um evento ecumênico na sede do arcebispado de Daca. Um grupo de três famílias, com 16 pessoas no total, entre elas duas mulheres usando o nicab (traje muçulmano que deixa apenas os olhos descobertos), uma menina e um bebê, aproximou-se para saudar o papa.

Na quinta-feira, Francisco já havia pedido que a comunidade internacional agisse em favor da minoria perseguida. "É imperativo que a comunidade internacional tome medidas decisivas para esta grave crise, não apenas trabalhando para resolver as questões políticas que levaram ao deslocamento em massa desse povo, como também oferecendo assistência material imediata a Bangladesh em seu esforço de responder eficientemente às urgentes necessidades humanas", disse o papa.

Um termo controverso

Grande parte da maioria budista de Myanmar rejeita o termo e se recusa a reconhecer os rohingyas como um grupo étnico ou como cidadãos do país. Mesmo o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, vencedor do Prêmio Nobel da Paz e autor de um relatório da comissão consultiva sobre o estado de Rakhine, havia indicado que o papa não deveria usar o termo durante a viagem.

Grupos de direitos humanos, em contrapartida, instaram Francisco a levantar a questão durante sua viagem. "Para os rohingyas, muito pouco sobrou além de seu nome, após anos de restrições discriminatórias do direito de deslocação e do acesso a serviços sociais essenciais, além de serem alvos de um exército que os submeteu a limpeza étnica e a atrocidades", disse Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch (HRW) na Ásia.

JPS/rtr/efe

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