Escândalo na Igreja
8 de maio de 2010O Vaticano declarou, em comunicado divulgado neste sábado (8/5), que o papa Bento 16 aceitou a renúncia do controverso bispo de Augsburg, Walter Mixa, envolvido no escândalo de abuso sexual contra menores que há semanas vem abalando a imagem da Igreja Católica na Alemanha.
Mixa, de 69 anos, apresentou sua renúncia ao papa em 21 de abril, depois de sofrer pressões, devido a acusações de que teria maltratado crianças décadas atrás. Na sexta-feira última, foi divulgado que a promotoria de Ingolstadt está investigando uma outra denúncia contra o religioso, segundo a qual ele teria abusado sexualmente de um menor.
"Um ou outro tapa"
Em abril, o bispo foi acusado por oito supostas vítimas de ter agredido fisicamente crianças de um orfanato há décadas. Ele primeiramente negou a acusação, mas depois admitiu que não "poderia descartar" ter dado "um ou outro tapa" em internos 20 anos atrás, quando ainda era pároco. Ele é suspeito, ainda, de ter desviado verbas de um orfanato.
A acusação de abuso sexual se refere à época entre 1996 e 2005, quando Mixa era bispo da cidade de Eichstätt. Na ocasião, ele teria supostamente molestado sexualmente um menino. O advogado de Mixa, Gerhard Decker, rejeita terminantemente a acusação e afirma que seu cliente está disposto a cooperar para que as investigações sejam concluídas rapidamente.
Revista publica novas acusações
O semanário Der Spiegel divulgou neste sábado a informação de que, quando era bispo em Eichstätt, Mixa teria em diversas ocasiões convidado seminaristas jovens a irem à sua residência privada, em visitas que incluiriam sessões conjuntas de sauna. De acordo com a publicação, nos círculos eclesiásticos há rumores de que ele teria inclinações homossexuais.
A Confederação dos Bispos da Alemanha saudou a decisão do papa. "Os acontecimentos recentes afetaram bastante toda a diocese de Augsburg e a Igreja Católica na Alemanha", disse o presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, arcebispo Robert Zollitsch, acrescentando ter havido grande perda de credibilidade para a Igreja. "A rápida decisão do papa cria a clareza necessária. Ela dá a todas as partes envolvidas a oportunidade de um recomeço", avaliou.
A diocese de Augsburg confirmou que levou as acusações de abuso sexual contra Mixa ao conhecimento da procuradoria geral. Zollitsch classificou a decisão como correta, por estar "em conformidade com as orientações da Confederação dos Bispos da Alemanha".
MD/epd/rtrs
Revisão: Nádia Pontes