Páscoa pelo planeta
14 de abril de 2006A Páscoa é uma das mais importantes datas do calendário cristão. A Semana Santa é para os cristãos um momento de reflexão e de celebração pela ressurreição de Jesus Cristo. Ou pelo menos deveria ser.
O comércio se apropriou da data e alimenta suas caixas registradoras e seus cofres com a venda de artigos e símbolos de Páscoa. O verdadeiro motivo pelo qual se celebra esta data parece ficar escondido por trás da preocupação de se presentear ovos e doces em geral.
A Páscoa antes de Cristo
A época do ano em que se comemora a Páscoa já era utilizada por povos antigos para a celebração da passagem do inverno – estação de secas e privações – para a primavera – que trazia a promessa da fartura com as colheitas.
A religião se apropriou da data com outros propósitos. Os judeus celebram também neste período a libertação do povo hebreu no Egito por Moisés. Na crença judaica, a Páscoa significa libertação. Já para os cristãos, a data também celebra uma passagem: a da morte para a vida, com a ressurreição de Jesus Cristo.
"Não se pode dissociar a Páscoa da primavera. É tempo de celebrar o surgimento das flores, do verde nos campos e nas florestas. O ritual cristão se apropriou desta época de renascimento para comemorar a ressurreição de Cristo", diz Joachim Gerhard, pastor evangélico em Bonn.
Coelho que traz ovo?
"O ovo é o símbolo cristão mais antigo para a Páscoa", diz Gunther Hirschfelder, professor de Artes na Universidade de Bonn. O coelho, por sua vez, é o símbolo da fertilidade, pois é capaz de procriar muito rapidamente.
A maioria dos rituais cristãos se perdeu no tempo, entretanto. Ninguém mais faz jejum durante os 40 dias entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Páscoa, quando consumir carne, ovos, leite e vinho não é permitido pela Igreja.
A população adaptou o costume aos tempos modernos e, atualmente, os alemães procuram diminuir o consumo de doces, álcool ou cigarros na quaresma. É durante esta época também que as crianças se preparam para a Páscoa, pintando ovos de galinha.
Paskha na Rússia
A Páscoa é celebrada na Rússia como "a maior de todas as comemorações" pelos cristãos ortodoxos. Pouco antes da meia-noite de sábado, tocam os sinos avisando o início da festa. Cânticos são entoados dentro da igreja, de onde parte a população em uma procissão, com direito a cruz e velas.
Não há o costume de se dar presentes na Rússia. Durante a Páscoa, os russos visitam seus parentes e costumam ir ao cemitério. A celebração dura sete dias e mais 40 dias até a ascensão de Cristo. Durante este período, os crentes atendem ao telefone com "Cristo ressucitou " em vez do usual "alô".
A Igreja ortodoxa determina a Páscoa de acordo com o calendário juliano, por conta disso, os russos comemoram a data alguns dias ou até semanas depois dos cristãos ocidentais.
Sem feriado na China
A Páscoa ainda não é um feriado na China, mas é celebrada como um dia de oração para os ocidentais. Os chineses comemoram feriados ocidentais mais por sua utilidade do que por seu significado.
O Natal, por exemplo, é tido como uma data importante para se encontrar os familiares. Dias dos pais, das mães e dos namorados também são ocasiões importantes para se mostrar afeto. Esse tipo de comemoração preenche, de certa forma, a lacuna nos tradicionais feriados chineses.
A Páscoa é ignorada porque o povo chinês já tem um dia de memória aos mortos, o dia 5 de abril. Os cristãos na China, entretanto, costumam ir à igreja nesta época, mas não há grandes comemorações em família.
Nos EUA: brincadeiras na Casa Branca
Todos os anos, nos Estados Unidos, centenas de crianças vão até a Casa Branca participar de uma competição que já virou tradição: equilibrando ovos em cima de colheres, elas precisam correr sem deixar o ovo cair para chegar em primeiro lugar.
No clima da agitação, há também a "caça aos ovos", em que as crianças procuram os ovos escondidos para encher suas cestas. Os próprios pais participam da brincadeira e, muitas vezes, acabam apontando para seus filhos onde esconderam "o tesouro".
Mas os pais ficam especialmente felizes com a brincadeira na Casa Branca. Este ano, no dia 16 de abril, muitas crianças são aguardadas – os ingressos são gratuitos. Enquanto as crianças se alegram pelos chocolates que os funcionários do governo escondem vestidos de coelhos, os pais se entusiasmam com a colher que os filhos recebem para participar da competição – as peças fazem parte do inventário da Casa e são assinadas pelo presidente e pela primeira dama.