Os últimos dias do Palácio da República
1 de julho de 2005O fim da antiga sede do Parlamento da Alemanha Oriental não será tão espetacular quanto esperado. Nada de implosões ou demolições em grande estilo. Ao invés disso, o palácio será, aos poucos, derrubado pelas gruas que voltam à paisagem do centro histórico de Berlim.
A decisão se deu em função da "localização central e sensível" do prédio, justifica Ingeborg Junge-Reyer, secretária de Desenvolvimento Urbano da cidade. O palácio deverá estar completamente "desmontado" até o primeiro semestre de 2007. E tudo custará aos cofres oficiais cerca de 20 milhões de euros.
Última oportunidade
Até então, os visitantes terão ainda duas oportunidades de visitar o prédio que foi saneado e cujo asbesto – substância cancerígena muito utilizada nas edificações dos anos 70 e da qual o amianto é a variação mais pura – foi eliminado por completo.
Até o início de julho próximo, o diretor Frank Castorf estará encenando no Palácio da República sua versão de Berlim Alexanderplatz, de Alfred Döblin. "Nos tempos da RDA, eu achava o palácio horrível", diz Castorf, que hoje defende a preservação das ruínas do palácio como espaço cultural. A outra oportunidade será ver Erichs Lampenladen (A Loja de Luzes de Erich), um espetáculo que faz alusão à iluminação do prédio, adorada pelo ex-chefe de Estado da RDA (República Democrática Alemã), Erich Honecker.
Espaço cultural
No último ano, o Palácio da República já serviu de cenário para vários eventos culturais não exatamente convencionais. Num deles, os visitantes chegavam ao prédio apenas através de barcos que navegavam pelo Rio Spree, que margeia o Palácio. Em outro evento, o grupo Einstürzende Neubauten balançou as estruturas de aço da edificação e, pouco depois, uma empresa de consultoria fez uma grande festa nas instalações. Além disso, aconteceram ali diversas sessões de cinema e performances.
Castelo de volta
No lugar do Palácio da República será construído um novo prédio, cuja fachada barroca deverá imitar o castelo que ali existia e que foi demolido durante o governo comunista da RDA. A decisão, tomada pelo Parlamento alemão, continua até hoje causando controvérsias, pois o projeto deverá custar nada menos que 700 milhões de euros. Uma associação foi criada especialmente para captar recursos que possibilitem o financiamento da fachada.