Os 85 anos de Brigitte Bardot
Símbolo sexual e ícone do cinema nos anos 50 e 60, cantora, ativista dos direitos dos animais e simpatizante dos "coletes amarelos", BB é uma personalidade controversa. Neste 28 de setembro, ela faz 85 anos.
Vida de altos e baixos
Brigitte Bardot é uma figura controversa. Ao longo de dez anos, ela foi uma das mais conhecidas e bem sucedidas atrizes do cinema mundial. Sua vida privada rendeu muitas manchetes. Foi retratada por artistas como Andy Warhol (foto), angariou respeito com seu amor pelos animais. No entanto, seu engajamento pela extrema direita francesa gerou polêmica não só entre a opinião pública francesa.
Começo como modelo
Desde jovem, ela desfilava pelas praias de Cannes. Aos 15 anos, Brigitte Bardot começou sua carreira de modelo e rapidamente se transformou numa das mais requisitadas da França. Ela nasceu em Paris, numa família conservadora católica. Também por isso a decisão de exibir sensualmente o corpo às câmeras, com tão pouca idade, foi entendida por muitos como provocação.
E Deus criou a mulher...
Durante muitos anos ela foi, ao lado de Marilyn Monroe, o maior símbolo sexual do cinema. Em 1957, Brigitte Bardot alcançou o estrelato com o filme "E Deus Criou a Mulher", dirigido pelo seu então marido, Roger Vadim. Nos anos seguintes, ele moldou de forma decisiva a imagem da atriz, que se tornou um ícone da sensualidade. Na foto, cena do filme com o ator teuto-austríaco Curd Jürgens.
Sucesso no cinema e nos tablóides
Seus namoros, casamentos e "puladas de cerca" logo passaram a receber tanta atenção quanto seus filmes. Em 1958, Brigitte Bardot apareceu em público ao lado do cantor Sascha Diestel, com quem teve um caso. Na época, Bardot já era divorciada. Ela se casaria mais três vezes. Paparazzi de toda a Europa corriam atrás dela, uma das mulheres mais fotografadas do mundo.
Trabalho com Jean-Luc Godard
Brigitte Bardot estrelou cerca de 45 filmes e lançou dezenas de discos de vinil. Fora o brilho que ela emprestou a essas produções, há pouco de especial na maioria delas, que caíram no esquecimento. Apenas algumas poucas obras sobreviveram ao tempo. Uma das mais notáveis é "O desprezo" ("Le mépris"), de Jean-Luc Godard. O filme, lançado em 1963, foi estrelado também por Jack Palance.
"Viva Maria"
Bardot trabalhou com muitos diretores importantes. Além de Godard, foi também a estrela do francês Luis Malle. Em 1965, filmou com ele a comédia de faroeste "Viva Maria", na qual atuou ao lado de Jeanne Moreau. Juntas, as duas divas encantaram e arrancaram muitas risadas do público.
Alegrias e tristezas
Por trás do glamour, a vida privada de Brigitte Bardot era marcada pelo drama. Tentativas de suicídio, crises nervosas, abortos e doenças estiveram presentes desde o começo da carreira. O nascimento de seu filho, em 1960, marcou um breve período de felicidade. Mas, logo em seguida, ela deixaria o pai da criança, o ator Jacques Charrier, e começaria um caso com um colega dele, Sami Frey.
Alta sociedade
Particularmente espetacular para o grande público foi o relacionamento de Brigitte Bardot com o milionário alemão Gunter Sachs. Eles se conheceram na primavera europeia de 1966. No verão do mesmo ano, ele mandou jogar de um helicóptero centenas de rosas sobre a mansão de Bardot em St. Tropez. Logo em seguida, os dois se casaram. O casamento acabou em divórcio no outono de 1969.
O mito
Brigitte Bardot não fascinava só o público do cinema e a mídia sensacionalista. Ela também envolveu intelectuais, que passaram a analisar a atriz. Em 1959, Simone de Beauvoir escreveu o famoso ensaio "Brigitte Bardot e a Síndrome de Lolita". Nele, a famosa filósofa escreve: "Ela come quando está com fome e faz amor com a mesma simplicidade sem cerimônia."
Declínio profissional
Mesmo ainda sendo uma estrela, Brigitte Bardot, ou BB, como era chamada, não atuou em nenhum filme notável depois de 1967. A obra "As petroleiras" (1971), que no elenco tinha também a atriz italiana Claudia Cardinale (na foto), foi um típico produto dessa época: elenco famoso, produção cara e artisticamente pouco inspiradora. Depois disso, Bardot atuou em apenas mais dois filmes.
Em defesa dos animais
Aos 40 anos, Brigitte Bardot se afastou definitivamente do mundo do cinema. Na La Madrague, casa que comprou em 1958 em St. Tropez, ela passou a se dedicar a sua paixão: animais maltratados e ameaçados de extinção. Ela se tornou uma das mais influentes ativistas dos direitos dos animais do mundo. Com a mesma atitude intransigente, ela lutou contra testes com animais e a caça às focas.
Nacionalista e controversa
Brigitte Bardot se mantém longe das câmeras. Na vida privada, ela se dedica à luta pelos direitos dos animais. Além disso, passou a apoiar a extrema direita francesa. Desde os anos 1990, tem ligações com o partido extremista de direita Frente Nacional. Bardot criticou publicamente a homossexualidade e protestou contra uma suposta dominação estrangeira na França.
Ícone cultural
Apesar de todas as críticas a sua posição política radical, BB é indiscutivelmente um ícone cultural do século 20. Como poucas outras estrelas, ela personificou uma era cinematográfica inteira. A contradição que ela soube explorar – de um lado, o objeto sexual; do outro, a autoconfiança e determinação – influenciaria de forma decisiva a imagem das mulheres pelos próximos anos.
Vida de extremos
"Durante toda minha vida, vou dizer o que penso. Quer gostem ou não!" Este é o lema de sua vida, que BB segue até hoje. Desde 2018, ela se mobiliza em sua cidade natal, Saint Tropez, contra a aquisição de pequenas lojas por marcas de luxo. "O dinheiro destruiu tudo", lamentou numa entrevista ao semanário parisiense "Marianne". Em 28 de setembro de 2019, ela completa 85 anos.