Antes de chegarem as eleições
13 de setembro de 2007A lebre que o presidente Putin tirou da cartola desta vez se chama Viktor Subkov. E como costuma acontecer nesses números de mágica, a opinião pública exclama, admirada: "Oh!", "ah!". Quem é esse tal de Subkov?
Não se sabe muita coisa a seu respeito. Um especialista em finanças. Uma pessoa de confiança de Putin dos velhos tempos de São Petersburgo. Um homem discreto de escalões mais baixos. Uma folha em branco.
Talvez nem seja tão importante. O principal é que Vladimir Putin volta a fazer uma de suas demonstrações. Ele é um político que ocasionalmente confronta a opinião pública com enigmas, espalha nuvens de fumaça, atua às escondidas, causa surpresas, demonstrando a todo mundo que a política interna russa está nas mãos de uma única pessoa: Vladimir Vladimirovitch Putin. O presidente envolvido com a KGB no passado.
Em março de 2008, seu segundo e último mandato chega ao fim. Mas é provável que ele se mantenha em cena bem mais tempo, pois seu fôlego parece não se esgotar muito rápido. Putin já está preparando a fase pós-presidência. E não quer que nada dê errado.
Com a nomeação do inexpressivo especialista de finanças Subkov como chefe de governo, o presidente da Rússia mostra quem ele considera adequado para conduzir o destino desse grande país, marcado por êxitos econômicos e problemas políticos. Ou são agentes do serviço secreto com passado obscuro, ou tecnocratas, personalidades secas e apolíticas, especialistas de qualquer coisa – Agricultura, Forças Armadas, Finanças –, ou seja, tudo menos políticos experientes, carismáticos, legitimados por processo de decisão democrático e interessados em algo além de meros negócios. Putin aposta em políticos apolíticos.
Com um pouco de boa vontade, é possível engolir a estratégia de Moscou como um "procedimento normal". A reestruturação do governo em Moscou causou espécie, pelo menos fora da Rússia. Será que há mudanças no gabinete porque as eleições estão se aproximando? Antes das eleições parlamentares e presidenciais, declarou Putin, o governo deveria estar composto de tal forma a poder preparar o país para as mudanças esperadas. A estrutura de poder teria que ser reformulada.
Estranho: em um processo democrático, livre e justo, o governo se expõe ao voto popular e é o povo que julga o desempenho da elite governante, confirmando-a ou destituindo-a do poder. Mas na Rússia, a época pré-eleitoral é um período de intrigas e manobras, de truques e dissimulações. Disso dificilmente pode se esperar alguma coisa boa.
Cornelia Rabitz, chefe da redação russa da DW-RADIO.