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Opinião: Pequim não cede a manifestantes de Hong Kong

Philipp Bilsky
22 de abril de 2015

Forma de escolha do líder do Executivo vem há meses provocando protestos na ex-colônia. Com novo projeto de lei, o governo chinês perdeu uma chance de conciliação, opina Philipp Bilsky, chefe da redação chinesa da DW.

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Philipp Bilsky, chefe da redação chinesa da DWFoto: DW

Há meses os cidadãos de Hong Kong esperavam esse projeto de lei, e por sua causa dezenas de milhares foram às ruas no terceiro trimestre de 2014. Agora ele foi apresentado, e a conclusão é que, nas questões centrais, Pequim não cedeu em absoluto.

A reação das forças pró-democráticas de Hong Kong veio prontamente: diversos deputados abandonaram o Parlamento em seguida à apresentação do projeto de lei. Muitos vestiam um pulôver ornamentado com uma grande cruz. Sua mensagem implícita: "Conosco, não!"

O que está em jogo é a forma de escolha do líder do Executivo da ex-colônia real britânica, a partir de 2017. Quando Hong Kong foi devolvida à China, em 1997, apresentou-se à população a perspectiva de que ela própria elegeria seu dirigente.

Em agosto último, Pequim apresentou as primeiras condições básicas. Haveria eleições, de fato, mas só poderiam concorrer candidatos previamente selecionados. O novo projeto de lei mantém esse princípio: apesar dos veementes protestos, ele só traz alterações nos detalhes.

Concretamente, o processo eleitoral deverá funcionar da seguinte maneira:

1) Um grêmio de 1.200 membros, composto quase exclusivamente por forças ligadas ao governo chinês, apresenta uma lista contendo até dez candidatos, sob a condição de que cada um obtenha pelo menos 120 dos votos.

2) A lista é em seguida reduzida a três candidatos, que precisam contar com pelo menos a metade dos votos do grêmio.

3) Apenas na última fase a população de Hong Kong pode votar nos candidatos restantes. Em tal sistema fica excluída, na prática, a possibilidade de um integrante das forças pró-democráticas chegar à última rodada.

Com esse projeto de lei, Pequim perdeu uma chance de atender às preocupações de muitos habitantes da cidade da costa sudeste da China. Sua apresentação mostra que o governo continua não estando disposto a se dobrar à pressão das ruas. Assim, seis meses após o início dos protestos, os integrantes do "Movimento dos Guarda-Chuvas" não estão mais próximos, nem um centímetro, da meta de uma Hong Kong democrática.

O Parlamento só votará em meados do ano o projeto de lei agora apresentado, os otimistas entre as forças pró-democráticas seguem esperando que Pequim se mova. Contudo no momento não há muita base para tal esperança.