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O "Estado Islâmico" ainda não está derrotado

Rainer Hermann, FAZ & Klett-Cotta
Rainer Hermann
17 de março de 2019

Mesmo após o grupo jihadista perder completamente seu território, o mal do terrorismo islâmico não está eliminado, opina o jornalista Rainer Hermann, do Frankfurter Allgemeine Zeitung.

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Soldado iraquiano passa diante de muro com bandeira do "Estado Islâmico"
Soldado iraquiano diante de muro com bandeira do "Estado Islâmico"Foto: picture-lliance/AP Photo/K. Mohammed

Graças à atuação determinada da comunidade internacional, o Estado Islâmico está quase derrotado – ainda que valha a ressalva: ao menos derrotado militarmente e por enquanto. No entanto, deve-se ter cuidado com as ilusões, quando o último lutador do EI se render e quando for conquistada a última porção remanescente de uma área que há cinco anos era tão grande quanto o Reino Unido. Mais do que uma vitória parcial – ainda que importante – não foi alcançado. O mundo não deve, de modo algum, ter a certeza de que o terrorismo jihadista foi vencido.

Uma das justificativas para tal cautela é o fato de que a ideologia do salafismo jihadista se tornou parte integrante do arsenal de justificativas para o terrorismo. Nem todos os salafistas – aqueles que querem viver como os primeiros muçulmanos – são automaticamente terroristas. O espectro varia de um salafismo completamente antipolítico a um cujos seguidores estão convencidos de que sua utopia só pode ser criada através da violência, a jihad.

A ativação de tais forças pode acontecer a qualquer momento e pode ocorrer também rapidamente depois do fim militar do "Estado Islâmico". Por outro lado, os especialistas estimam que o número de combatentes do EI que estiveram na clandestinidade nos últimos dois anos chega a 30 mil.

Possivelmente, alguns deles vão se reintegrar a suas antigas sociedades. Mas muitos estão apenas esperando por uma nova oportunidade. E ela pode aparecer caso as partes conflitantes que lutam umas contra as outras criem, involuntariamente, um vácuo ou se os EUA se retirarem da Síria. O EI voltaria a preencher rapidamente qualquer vácuo, como já fez em sua marcha triunfal em 2014.

O EI e suas organizações predecessoras têm sido repetidamente subestimadas. Na penúltima vitória sobre o EI, em 2008, o número de jihadistas que mergulharam na clandestinidade no Iraque foi estimado em algumas centenas. Três anos depois, no entanto, a organização estava de volta com grande força, porque seus líderes haviam aprendido com seus erros e se adaptado ao novo ambiente. Isso não será diferente desta vez. Como naquela época, o resto inicialmente recorrerá a uma tática de guerrilha clássica, com ataques terroristas, para espalhar ainda mais medo e terror. Eles também tentarão levar sua guerra ao Ocidente. Portanto, é necessário continuar mantendo a vigilância.

Para enfraquecer os jihadistas, há apenas uma coisa a ser feita: devem existir condições em seus países de origem para oferecer oportunidades de participação e justiça, para que os jovens não pensem que apenas o terror oferece um caminho para um futuro melhor. Embora esse não seja o caso no momento, a atual vitória sobre o EI é importante. Porque o EI agora teve tomado o território com o qual ele podia atrair pessoas oferecendo uma vida "islâmica" em um Estado "islâmico".

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