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Não há motivo para pânico na Alemanha

7 de agosto de 2020

A alta dos contágios de covid-19 na Alemanha não é motivo para desespero. Com cautela, bom senso e responsabilidade, o país é capaz de evitar um novo lockdown, opina o jornalista da DW Marcel Fürstenau.

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Mulher abre a boca para coleta de material para teste de covid-19
"Teste passa a ser obrigatório na Alemanha para quem volta de áreas de risco. E é bom que assim seja!"Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

Uma crise pode surgir se tanto se falar dela ou – como no caso da pandemia – pela dramatização desnecessária de uma situação que se arrasta há meses e muda nossas vidas e cotidianos. Esse perigo existe especialmente na Alemanha, país que, em geral, vem tendo sucesso notável na luta contra o vírus. Obviamente, o aumento do registro de infecções que ocorre há dias é motivo de preocupação. Mas alguém realmente acreditava que as medidas de flexibilização introduzidas gradualmente desde maio não teriam suas consequências? Que ingenuidade!

Quem quiser reduzir o risco de infecção ao mínimo, deve se isolar completamente. Quanto mais pessoas encontrarmos, maior será, logicamente, o risco de se pegar algo. Por exemplo, uma gripe. Quem quiser se proteger contra tosse e coriza em tempo frio, deve se agasalhar e evitar, quando possível, o contato com pessoas resfriadas. Ou recorre à vacina. Mesmo assim, de acordo com estimativas do Instituto Robert Koch (RKI), pelo menos dois milhões de pessoas ficam gripadas a cada ano somente na Alemanha.

O número de infectados pode até ser duas vezes maior. E, pelo fato de cada temporada de gripe (na Alemanha, do final de outubro a meados de maio) ocorrer de maneira diferente, os números variam enormemente. Incluindo o número de mortes. Às vezes, eles são algumas centenas, mas também podem ser mais de 20 mil. "E o que tudo isso tem a ver com o coronavírus?", pergunta talvez o leitor ou leitora, com razão. Bastante, porque apesar de todas as diferenças, às vezes sérias, a propagação de qualquer vírus pode ser influenciada e, na melhor das hipóteses, contida.

Por isso que a partir de sábado passa a ser obrigatório na Alemanha o teste de coronavírus para quem retorna de áreas de risco. E é bom que assim seja! No entanto, surge a questão: por que é que esta medida surge apenas agora e não ocorreu simultaneamente à abertura das fronteiras e ao dela resultante tráfego turístico em meados de junho? O número atualmente crescente de infecções também pode ser explicado – mas não só – pelo fato de que os que retornaram sem serem testados trazem o vírus sem serem notados. No entanto, a situação ainda é tranquila em comparação com os meses particularmente ruins de março e abril, especialmente do ponto de vista médico.

Felizmente, a Alemanha até agora foi poupada de imagens chocantes de unidades de terapia intensiva superlotadas ou até de caminhões cheios de caixões com mortos por coronavírus. Isso foi devido à resposta rápida e equilibrada do país. E pode continuar assim se a mistura de medidas como obrigatoriedade de máscara, regras de distanciamento, higiene intensa e agora o teste obrigatório funcionar. Mas todos são responsáveis por isso. Violações graves devem ser punidas de forma rápida e enfática. E para aqueles com responsabilidade política em todos os níveis – do governo federal ao menor dos municípios – para todos eles vale a máxima: puxe a corda antes que seja tarde demais.

Na prática, isso pode significar ser necessário o fechamento repentino de escolas que acabaram de ser reabertas em alguns estados alemães após o término das férias de verão. Mas, por favor, apenas onde isso for urgentemente necessário devido à alta do número de infecções. A prova de que tais medidas funcionam no controle de focos de contágio foram os fechamentos temporários de grandes frigoríficos e instalações agrícolas. Os exemplos desses lugares e de outros focos, como alguns restaurantes e comunidades religiosas, também foram instrutivos. Eles chamaram a atenção para irregularidades, como escandalosas acomodações para trabalhadores sazonais ou restaurantes mais que negligentes, que não dão a mínima para os conceitos de higiene.

Se houver reação de forma consequente em tais casos e se o maior número possível de pessoas se mover com cuidado e atenção na vida cotidiana, a Alemanha pode ser poupada de um segundo lockdown. E mesmo que uma segunda onda seja algo tão comentado – é bom observar o tamanho dela. Porque, na realidade, a onda de coronavírus nunca deixou de existir desde que apareceu pela primeira vez. Mas felizmente ela vinha ficando cada vez menor desde maio. Agora, está crescendo novamente. Todos temos que levar isso a sério e responder em conformidade: com cautela, bom senso e responsabilidade. Então, a onda ficará menor novamente.

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Marcel Fürstenau
Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.