Chega de falar, é hora de agir: nunca, nos 50 anos de história do Fórum Econômico Mundial, os problemas do mundo foram discutidos de forma tão aberta e radical quanto em 2020. "Nosso planeta está pegando fogo, apaguem as chamas, senão será tarde demais", exigiram não só os participantes jovens.
Os poderosos sentiram a pressão dos que, em seus países, sofrem com a mudança climática, desigualdade social ou falta de formação. Cidades, países, bancos, fundos de aposentadoria e a indústria precisam reconsiderar, o mais tardar, agora.
Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico, que realmente não é conhecido por exigências radicais, enviou uma carta pessoal e urgente às centenas de membros do fórum, entre os quais diversas multinacionais: estas deveriam se comprometer imediatamente a reduzir até 2050 suas emissões de CO2, ou, melhor ainda eliminá-las mais cedo, pois a hora é de medidas concretas.
Mesmo o presidente Donald Trump, negador contumaz da mudança climática, escutou o apelo e anunciou que os Estados Unidos participarão da iniciativa 1t.org, do Fórum Econômico, cuja meta é plantar 1 trilhão de árvores por todo o mundo, nos próximos dez anos.
Pode-se dizer que se trata de acionismo, pois essas árvores dificilmente salvarão o clima mundial. Mas elas podem ser parte de um grande pacote: trata-se de gerir de forma sustentável e poupar os recursos escassos. "Proteção climática é uma questão de sobrevivência", postulou em Davos a chanceler federal alemã, Angela Merkel, alinhando-se assim a ativistas do clima como Greta Thunberg.
Foi surpreendente a humildade dos líderes econômicos na cidade nos Alpes Suíços, diante dessa pressão: "Sim, estamos escutando vocês! Sim, vamos agir!" Blackrock, a maior administradora de capital do mundo, anunciou uma mudança radical de sua estratégia, deixando de investir em empresas prejudiciais ao meio ambiente e ao clima.
A multinacional americana Microsoft quer passar a funcionar com neutralidade climática até 2030, assim como a alemã Siemens. Trata-se de uma empreitada cara, assim como os 2 bilhões de dólares que a fabricante de alimentos suíça Nestlé pretende investir em embalagens ecológicas.
Os líderes empresariais parecem ter compreendido que esse dinheiro é bem empregado. Pois se a Terra for destruída, se seres humanos e empresas forem privados de seus meios de subsistência, ninguém sai ganhando. Garantir o futuro implica sustentabilidade. A seriedade com que isso foi formulado pelos poderosos deste mundo foi o espantoso resultado do 50º Fórum Econômico Mundial em Davos.
Manuela Kasper-Claridge é vice-editora-chefe da DW.
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