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Opinião: Fifa é um caso perdido

27 de maio de 2015

Detenções são mais um escândalo na longa história de corrupção da entidade. Numa empresa administrada corretamente, Blatter já teria sido forçado a sair há muito tempo, opina o articulista Stefan Nestler.

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A Fifa é corrupta até seus mais altos escalões – esse é um fato consumado. Pouco antes do congresso anual da entidade em Zurique, foram presos seis altos funcionários seus. Com base em dados dos investigadores dos Estados Unidos, eles são acusados de embolsar, ao longo de décadas, mais de 100 milhões de dólares em propinas nas negociações de direitos de transmissão e marketing de campeonatos nas Américas do Norte, Central e do Sul.

Entre os detidos estão dois dos oito vice-presidentes do comitê executivo, órgão regente da entidade máxima do futebol. Um deles, Jeffrey Webb, presidente da Confederação da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), é conhecido como importante pessoa de confiança do próprio presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, que, por sua vez, não está na lista de suspeitos.

O fato não é surpresa. Nos 17 anos de gestão de Blatter, toda vez que vieram a público acusações de suborno contra funcionários da Fifa, ele saiu sempre incólume, quase como se tivesse em torno de si um manto protetor invisível.

Apenas uma vez o cartola se viu em apuros: ao ser divulgado que, em sua época como secretário-geral da Fifa, ele pelo menos sabia do suborno de altos funcionários pela ISL, parceira de marketing da federação internacional. A Fifa de Blatter classificou as propinas como "comissões" e em 2010 se livrou do processo pagando uma soma milionária.

Fora esse caso, Joseph Blatter sempre atravessou com um sorriso todas as crises – e elas não foram poucas. A última se refere à escolha de Rússia e Catar como sede das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. As autoridades suíças estão agora investigando oficialmente a respeito por suspeita de suborno.

Diante desse imbróglio, é quase curioso ser praticamente certa a reeleição de Blatter, nesta sexta-feira (29/05), para seu quinto mandato à frente da Fifa. O dirigente de 79 anos tem motivos apostar quase cegamente em sua "torcida" da África, Ásia e América do Norte, Central e do Sul: eles vão votar nele. Os europeus, que na verdade querem se livrar de Blatter, se revelaram tigres sem garras.

Numa empresa administrada corretamente, Joseph Blatter já teria sido forçado a jogar a toalha há muito tempo. E se tivesse um mínimo de decência, isso é o que faria, por iniciativa própria. Mas a Fifa não é uma organização limpa.

O que será preciso para que, finalmente, se faça uma faxina? Uma autolimpeza não vai acontecer, apesar da existência de uma comissão de ética na organização. Possivelmente a única coisa que vai adiantar é uma revolução: melhor fechar as portas de vez!