Violência na Síria
25 de abril de 2011Na luta pela sobrevivência política, o regime sírio deixa deliberadamente um rastro de sangue pelo país: soldados com tanques avançam contra a população rebelada, os manifestantes são brutalmente assassinados. Reformas como o fim do estado de emergência, revogado recentemente por causa da grande pressão dos protestos, revelam ser meramente paliativas.
Extremamente acuado, o regime mostra sua verdadeira cara e sinaliza de forma clara que, para se manter no poder, é capaz de caminhar sobre cadáveres.
Uma nova escalada da violência parece inevitável. É difícil prever como se desenvolverá a luta pelo poder na Síria. Ninguém sabe exatamente o que acontece nos bastidores. Será que o presidente Bashar Al-Assad ainda mantém todo o poder em suas mãos? Ou será que outras forças, sejam dos serviços secretos, militares, do partido do regime ou mesmo do próprio clã familiar, detêm parte do comando?
É certo que, em caso de uma troca de poder, todos teriam a perder. Por isso, concentram-se na intimidação e não receiam nem encenar o caos.
Eles deixam franco-atiradores matar cidadãos e afirmam que os agressores são radicais islâmicos ou agentes pagos pelo exterior. Eles negam à mídia independente o acesso ao país, e na imprensa estatal atiçam de modo traiçoeiro uma guerra entre as confissões.
Há riscos de outros massacres. Como em 1982, quando o regime esmagou um levante em massa da Irmandade Muçulmana, o governo parece nem mesmo hesitar em cometer graves crimes de violência contra a própria população.
As ações cada vez mais brutais das forças de segurança deixam claro – até mesmo aos que apoiavam o presidente – que seu regime perdeu toda a legitimidade.
Já são registradas as primeiras ações pela deposição. Elas mostram que também na Síria o clamor por liberdade e democracia não se deixará reprimir pela violência.
Mas o caminho até lá ameaça ser longo e sangrento. Ele também poderia levar a uma guerra civil incitada por forças do regime ou a um golpe de Estado vindo de dentro da estrutura de governo.
Por tudo isso, a comunidade internacional não pode continuar assistindo aos acontecimentos em silêncio. Na realidade, seus meios são limitados. Em vista da ineficácia da operação militar na Líbia, os detentores do poder na Síria não precisam temer tão rápido uma intervenção internacional. E a imposição de sanções contra este regime demonstrou fazer pouco efeito, já no passado.
Autor: Rainer Sollich (rw)
Revisão: Augusto Valente