Opinião: A Alemanha virou um time caótico
Após o que se viu na noite de sábado em Sóchi, não se pode mais negar: a Alemanha se tornou um time descontrolado, dependente da qualidade individual de seus jogadores, na esperança de que lampejos de brilhantismo deles possam ser a salvação.
A vitória no último minuto contra a Suécia não pode ofuscar a transformação drástica pela qual a seleção alemã está passando.
Antes uma máquina bem organizada e estruturada, com base no passe e na movimentação constante, a Alemanha se tornou um time que ganha aos trancos e barrancos, um carro desgovernado de uma era que, achava-se, já havia passado.
Joachim Löw, o técnico campeão do mundo, é um espelho de seu time. Escalações teimosas, substituições descontroladas e tardias, e um entendimento tático questionável jogam uma luz pouco comum ao mais tranquilo dos treinadores.
Duas vezes nesta Copa, a seleção alemã jogou mais pelas circunstâncias do que pelo jogo. Mesmo antes do torneio, o time já havia dados sinais de que estava se tornando nervoso, desligado e, às vezes, perigoso. Na Rússia, os alemães não fizeram nada, senão confirmar isso.
Contra a Suécia, foram salvos, mas não poupados. Tudo em relação à Alemanha parece desconjuntado. Nem mesmo uma vitória espetacular esconde o fato de que Toni Kroos é uma bomba-relógio no meio-campo. Seus passes foram, muitas vezes, incomumente ruins. Defensivamente, a Alemanha ainda parece não conseguir se posicionar, e as finalizações continuam um ponto sério de preocupação.
Talvez seja assim que a Alemanha jogue agora. Como um pugilista bêbado, gingando descontroladamente no escuro, esperando dar um golpe certeiro antes de ser atingido na cabeça. É empolgante, emocionante, pode-se dizer. Mas não é esse o time que a Alemanha quer ser.
A busca pelo bicampeonato vai acabar rapidamente se essa desordem continuar. Mas, se terminar, o próximo jogo, contra a Coreia do Sul, pode representar uma guinada. Ganhar feio é parte de uma campanha de título – quem não se lembra da Argélia, em 2014? Está nas mãos de Löw fazer sua mágica novamente, mas num cenário bem diferente em relação a quatro anos atrás.
*Jonathan Harding é repórter da Editoria de Esportes da DW e acompanha a seleção alemã na Rússia
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