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ONU rememora libertação dos campos de concentração

(lk)24 de janeiro de 2005

Pela primeira vez em sua história, as Nações Unidas rememoram a libertação dos campos de morte nazistas, na presença de sobreviventes do Holocausto e com participação dos ministros da Alemanha e de Israel.

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Ministro alemão, Fischer (esq.), e colega de pasta israelense, ShalomFoto: AP

Em discurso perante a Assembléia Geral das Nações Unidas, na cerimônia de rememoração dos 60 anos de libertação do campo de concentração de Auschwitz, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse que a história impõe à Alemanha o dever de "combater toda forma de anti-semitismo, mas também de racismo, xenofobia e intolerância". Os crimes bárbaros cometidos pelos nazistas "serão sempre parte da história do meu país", acrescentou. "A nova Alemanha, a Alemanha democrática aprendeu a lição."

Caráter histórico

Holocaust Gedenkfeier UN New York Paul Wolfowitz
Fischer fala em Nova YorkFoto: AP

Na sessão especial realizada nesta segunda-feira (24/01) em Nova York, a Organização das Nações Unidas rememorou pela primeira vez em sua história o acontecimento que deu início à derrocada final da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

A moção para sua realização, iniciada pelo embaixador dos Estados Unidos, John Danforth, foi aprovada por quase 150 dos 191 membros da instituição. Qualquer tentativa de rememorar na sede da comunidade mundial o extermínio de mais de seis milhões de pessoas durante o Holocausto fracassara até agora em razão da resistência dos países árabes.

O embaixador de Israel na ONU, Dan Gillerman, vê no evento um sinal de abertura de um novo capítulo na história da instituição. "Isto é muito, muito importante e talvez conduza a uma nova e mais estreita relação entre Israel e as Nações Unidas". O ministro israelense do Exterior, Silvan Shalom, louvou a cerimônia como "acontecimento histórico de âmbito mundial".

Memória é prevenção

"A fundação das Nações Unidas foi uma resposta direta ao holocausto", lembra o secretário-geral, Kofi Annan. "Nossa Carta foi elaborada numa época em que o mundo tomava conhecimento dos horrores praticados nos campos da morte."

A lembrança do que ocorreu precisa ser mantida viva, já que "o mal que destruiu seis milhões e judeus e outras vítimas nesses campos continua nos ameaçando hoje", advertiu Annan. "Não se trata de algo que possamos atribuir a um passado distante e esquecer. Cada geração precisa estar atenta, para que algo semelhante nunca volte a acontecer."

A cerimônia em Nova York – três dias antes das comemorações oficiais na Polônia, na quinta-feira (27/01) – teve como um dos principais oradores o Nobel da Paz Eli Wiesel, sobrevivente do Holocausto.