ONU lembra coragem dos que ajudaram vítimas do regime nazista
27 de janeiro de 2013Em 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que dedica o dia 27 de janeiro à memória dos mortos do regime nazista. Nesse dia, em 1945, o Exército Vermelho da União Soviética libertou os prisioneiros do campo concentração nazista de Auschwitz, que se tornou símbolo do assassinato de milhões de pessoas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que "o tema [da celebração] deste ano – Resgate durante o Holocausto: a coragem de se importar – presta homenagem àqueles que arriscaram suas vidas e de suas famílias para salvar judeus e outros da morte quase certa sob o regime nazista".
As histórias dos salvadores são diversas, afirmou Ban em nota oficial. "Alguns abrigaram as possíveis vítimas em suas casas, outros levaram famílias para a segurança ou ajudaram a obter os documentos necessários para escapar. No entanto, entre todos existe uma linha comum: coragem, compaixão e liderança moral", explicou o secretário-geral das Nações Unidas.
"Para nos tornar imunes"
Na Alemanha, a data é lembrada desde 1996 em cerimônia anual realizada pelo Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão. Neste ano, o discurso em memória das vítimas será realizado na próxima quarta-feira pela jornalista e autora alemã-israelense Inge Deutschkron, de 90 anos. Ela sobreviveu ao Holocausto na clandestinidade em Berlim e tem se engajado para que os chamados "heróis silenciosos", aqueles que salvaram pessoas da violência nazista, sejam homenageados pelo Estado alemão.
Em mensagem de vídeo por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou neste sábado que "é claro que temos uma responsabilidade permanente pelos crimes do nazismo, pelas vítimas da Segunda Guerra Mundial e, acima de tudo, pelo Holocausto".
A mensagem de Merkel também se referiu aos 80 anos do aniversário da subida ao poder de Adolf Hitler. Em 30 de janeiro de 1933, o ditador nazista foi apontado chanceler alemão pelo então presidente Paul von Hindenburg. Para chegar ao topo, Hitler empreendeu uma política de violência e supressão de opositores políticos.
"Houve muita gente decente que não participou", disse Merkel. "Mas infelizmente existiram muitas, muitas pessoas que se deixaram cegar", acrescentou a chanceler federal alemã, concluindo que "é por isso que é ainda mais importante que não esqueçamos este capítulo sombrio [...] que nós sempre nos lembremos disso, para nos tornar imunes, de forma que isso nunca, nunca venha a se repetir."
Memória do Holocausto
No antigo campo de concentração nazista, encontra-se atualmente o Memorial Auschwitz-Birkenau. Nos últimos anos, o memorial no ex-campo de extermínio vem registrando recordes de visitantes. No ano passado, esse número chegou a 1,43 milhão de pessoas, um recorde nos 65 anos de história do lugar dedicado à memória das vítimas do Holocausto.
O turismo crescente é considerado importante na educação sobre o Holocausto, mas vem afetando as estruturas do local. Muitas delas foram feitas de madeira e não foram planejadas para durar tanto. No momento, estão em andamento esforços de preservação.
Em Auschwitz-Birkenau, a Alemanha nazista provocou a morte de 1,1 milhão de pessoas, em sua maioria judeus, mas também prisioneiros políticos poloneses, membros da etnia sinti e roma, homossexuais e outros.
CA/ap/afp/kna/dpa/epd
Revisão: Mariana Santos