ONU alerta para recorde de refugiados na Europa
1 de julho de 2015Um número recorde de 137 mil pessoas realizou a perigosa travessia do Mar Mediterrâneo rumo à Europa no primeiro semestre de 2015, disse a agência da ONU para refugiados (Acnur) nesta quarta-feira (01/07).
Dados da Grécia, da Itália, de Malta e da Espanha contabilizaram a chegada de 137 mil refugiados de janeiro a junho deste ano – um aumento de 83% em relação aos 75 mil que chegaram nos seis primeiros meses de 2014.
"A Europa está passando por uma crise de refugiados de proporções históricas", alertou a Acnur em relatório.
Os Estados-membros da União Europeia (UE) ainda não chegaram a um consenso sobre como lidar com as levas de migrantes. A Acnur saudou a decisão de Bruxelas de distribuir cerca de 40 mil refugiados da Síria e da Eritreia que já chegaram ao continente entre os membros da UE, mas pediu maior solidariedade aos países mais afetados pelo fluxo migratório.
O alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, afirmou que a maior parte dos que atravessam o Mediterrâneo não migra por razões econômicas. "A maioria dos que chegam à Europa são refugiados que buscam escapar de guerras e de perseguição", disse.
Um terço dos que chegaram por mar à Itália ou à Grécia neste ano veio da Síria, assolada pela guerra civil. Os que fogem da violência no Afeganistão corresponderam a 11% das chegadas, e os que tentam escapar do regime repressivo na Eritreia, a 12%. Outros dos principais países de origem dos refugiados são Somália, Nigéria, Iraque e Sudão.
O número de mortes nas travessias do Mediterrâneo também aumentou significativamente. Até o momento, 1.867 pessoas morreram – 1.308 apenas do mês de abril. No mesmo período do ano passado, foram contabilizadas 588 mortes.
O número de mortos sem precedentes levou os países europeus a aumentar as operações de busca e resgate no Mediterrâneo, reduzindo o número de fatalidades para 68 em maio e 12 em junho.
"Com as políticas adequadas, apoiadas por uma resposta operacional eficiente, é possível salvar mais vidas no mar", ressaltou Guterres. Ainda assim, "para os milhares de refugiados que continuam a atravessar o Mediterrâneo todas as semanas, o risco permanece sendo bastante real", acrescentou.
RC/ap/afp