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"Ontem, em Paris. Amanhã, na Alemanha", diz cartaz do Pegida

17 de novembro de 2015

Movimento anti-imigração reúne cerca de 10 mil apoiadores em Dresden, três dias depois dos atentados em Paris. Ministro alemão da Justiça diz que ameaça de terrorismo não pode justificar hostilidade contra refugiados.

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Foto: picture-alliance/dpa/Arno Burgi

Milhares de apoiadores do movimento anti-imigração Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente") se reuniram nesta segunda-feira (16/11) em Dresden no primeiro protesto do grupo após os ataques do "Estado Islâmico" (EI) em Paris.

Segundo estimativa do órgão independente alemão de pesquisa Durchgezählt, a manifestação atraiu entre 9 mil e 12 mil pessoas, mesmos números dos protestos das últimas semanas.

Observadores esperavam uma quantidade maior de participantes devido à série de atentados que deixou ao menos 129 mortos na capital francesa na última sexta-feira. Em janeiro, cerca de 20 mil participantes do movimento foram às ruas na sequência do ataque terrorista contra a redação do semanário satírico francês Charlie Hebdo.

No início da manifestação do Pegida em frente à Ópera Semper, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas dos atentados. Um dos cartazes dizia: "Ontem, em Paris. Amanhã, na Alemanha."

Em discurso, Siegfried Däbritz, um dos organizadores, afirmou que os ataques foram "resultado de uma política de imigração que convidou pessoas com culturas e valores completamente diferentes". Ele afirmou que os políticos devem fechar as fronteiras da Alemanha.

Um contra-protesto organizado por manifestantes que se opõem ao discurso xenófobo do Pegida reuniu cerca de mil pessoas na cidade do leste alemão. O grupo "Dresden para todos" alertou que os ataques na França não devem ser "instrumentalizados e utilizados para legitimar o ódio."

Em Leipzig, uma marcha do movimento Legida, braço do Pegida, reuniu centenas de manifestantes no centro da cidade que fica a cerca de 100 quilômetros de Dresden. Também houve contra-protestos.

"Refugiados não são terroristas"

Os ataques do EI em Paris levantaram na Alemanha o debate sobre o perigo de terroristas islâmicos se passarem por requerentes de asilo para entrar no país.

Atos pró e contra no aniversário do Pegida

O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, alertou que refugiados não podem ser comparados com terroristas e que os atentados na França não devem ser usados como justificativa para criar hostilidade contra os migrantes que fogem de guerras e perseguições.

"Estamos conscientes de que o EI é conhecido por deixar essa falsa impressão para politizar e radicalizar a questão sobre os refugiados na Europa", afirmou Maas. "Não há uma prova sequer de conexão entre terroristas e refugiados, exceto esta: que os refugiados estão fugindo das mesmas pessoas na Síria que são responsáveis pelos ataques em Paris."

O vice-chanceler federal alemão, Sigmar Gabriel, criticou um comentário feito pelo ministro das Finanças da Baviera, Markus Söder, de que "Paris mudou tudo", para justificar restrições à imigração. Segundo Gabriel, a frase foi a "mais errônea" que "alguém poderia dizer."

Tatjana Festerling, um dos membros da liderança do Pegida, é investigada por difamação em seus comentários no Facebook. O fundador do movimento, Lutz Bachmann, é acusado por promotores alemães de descrever requerentes de asilo como "lixo" e "gado" nas redes sociais.

O grupo que completou um ano em outubro se reúne todas as segundas-feiras em Dresden. As manifestações têm sido acompanhadas de contra-protestos em favor de refugiados.

KG/dpa/afp