1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ocupação da embaixada iraquiana termina após 5 horas

(ef/lk)20 de agosto de 2002

Comando de elite tomou a embaixada do Iraque em Berlim e prendeu cinco ocupantes. Meta do grupo desconhecido, de nome "Oposição Democrática Iraquiana na Alemanha", seria destituir o presidente Saddam Hussein.

https://p.dw.com/p/2Zg8
Polícia alemã cercou a embaixada do Iraque em Berlim ocupada por oposicioinistas iraquianosFoto: AP

Eram 19h40 desta terça-feira (20), quando um comando de elite da polícia alemã para operações especiais tomou o edifício da embaixada do Iraque em Berlim. Chegava assim ao fim, após cinco horas e sem derramamento de sangue, a ação de um grupo desconhecido que se auto-intitulava de "Oposição Democrática Iraquiana na Alemanha".

Cinco ocupantes foram presos. Os dois reféns que ainda se encontravam em seu poder, entre os quais o encarregado de negócios do Iraque, foram libertados.

Em telefonema à televisão Deutsche Welle, na capital alemã, os invasores disseram, após a invasão, que agiram "em nome do 20 milhões de iraquianos que são torturados ou mortos diariamente pelo governo". Eles teriam "conversado pacificamente com os funcionários da embaixada". Mas a polícia informou que quatro invasores ameaçaram funcionários com armas.

Moradores do bairro nobre de Zehlendorf, onde se situa a embaixada, disseram ter ouvido tiros, pouco depois das 14h. A seguir, policiais com coletes à prova de balas cercaram a área em volta do prédio, no sudeste de Berlim. Sete carros da polícia, um blindado, carros do corpo de bombeiros e ambulâncias acercaram-se imediatamente do local. Um homem e uma mulher com ferimentos leves foram transportados a um hospital.

Protesto contra posição alemã?

Num fax que enviou à agência de notícias Reuters, quase simultaneamente à ação, o grupo "Oposição Democrática Iraquiana na Alemanha" anunciou que a ocupação da embaixada seria um primeiro passo para a libertação do seu povo, mas seria pacífica e limitada. Para membros da oposição iraquiana, a ocupação seria também um protesto contra a posição da Alemanha em relação a uma possível ofensiva militar dos Estados Unidos para derrubar Saddam Hussein. O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, já excluiu totalmente uma participação alemã num ataque militar contra o Iraque e com isso irritou o governo do presidente americano George W. Bush.

Violação de imunidade

O Ministério alemão de Relações Exteriores condenou a ação em Berlim como uma violação da imunidade diplomática da embaixada do Iraque. "Isto é uma violação inaceitável do direito internacional", disse o porta-voz Andreas Michaelis ao tomar conhecimento do ocorrido. O ministro Joschka Fischer, do Partido Verde, foi informado continuamente sobre o desenrolar dos acontecimentos. A tomada do prédio pela polícia alemã só ocorreu após a aprovação das autoridades em Bagdá, por causa da extraterritorialidade da embaixada.

Al Jazira entrevista seqüestrador

A TV Al Jazira, que divulgou vários vídeos do suposto responsável pelos atentados de 11 de setembro, Osama Bin Laden, anunciou que o grupo iraquiano quer libertar a sua pátria. A emissora árabe apresentou uma entrevista ao vivo com um dos seqüestradores em Berlim. Este disse que o grupo está decidido a libertar o Iraque por dentro e por fora. "Vocês vão ouvir novidades em breve", disse o homem. Ele recusou as expressões "ocupação" e "ataque" para qualificar a ação na embaixada. "A meta da operação é a libertação do Iraque", afirmou.

A principal representação da oposição no exílio, o Congresso Nacional Iraquiano, esclareceu, em Londres, que a "Oposição Democrática Iraquiana na Alemanha" não representa os oposicionistas do seu país. O Congresso disse não apoiar "esta violência em Berlim" e que sua luta pela liberdade limita-se ao Iraque. A operação aconteceu um dia depois que o Parlamento iraquiano nomeou o presidente Saddam Hussein, por unanimidade, para mais um mandato.