Ocidente levanta dúvidas sobre vitória de Mugabe no Zimbábue
4 de agosto de 2013A vitória de Robert Mugabe nas eleições presidenciais no Zimbábue é questionada pela comunidade internacional. "O resultado das eleições, publicado no sábado, não corresponde à vontade do eleitorado, na opinião dos EUA", afirmou o secretário de Estado John Kerry. Segundo ele, nas eleições e nos preparativos para a votação haveria ocorrido "uma série de irregularidades".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma investigação das denúncias de irregularidades na eleição. "Essas considerações devem ser investigadas de forma transparente e justa", defendeu Ban em Nova York. Entretanto, ele se declarou satisfeito que as eleições tenham transcorrido de forma pacífica.
A chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, comentou que a União Europeia está preocupada com a "falta de transparência", assim como com supostas irregularidades e denúncias de que nem todos os eleitores teriam podido votar. O governo alemão também reclamou de "falta de transparência" e "supostas irregularidades" no processo eleitoral do país africano.
Tsvangirai pretende recorrer
De acordo com cálculos da Comissão Nacional Eleitoral, em Harare, Mugabe obteve, já no primeiro turno, 61% dos votos, a maioria absoluta necessária. Seu principal rival, o primeiro-ministro do país, Morgan Tsvangirai, teria conseguido cerca de 34%. Com isso, o partido de Mugabe, o Zanu-PF, conseguiria uma maioria de dois terços no Parlamento. Até agora, o partido de Tsvangirai, o MDC, detinha a maioria dos 210 assentos da casa.
O comparecimento às urnas foi de 53%, de acordo com a Comissão. As eleições foram marcadas por acusações de que Mugabe e seu partido teriam manipulado a votação. Tsvangirai classificou o resultado como "farsa" e "fraude eleitoral". O político de 61 anos anunciou no sábado que vai recorrer ao Supremo Tribunal. "O país está rumando para uma séria crise política e econômica", previu Tsvangirai.
Ele pediu, entretanto, a seus compatriotas que abram mão de protestos em massa e atos de violência, apesar da "eleição roubada". Após as controversas eleições de 2008, uma onda de violência política tomou conta do país, causando a morte de mais de 200 pessoas.
MD/dpa/rtr