Estudo da OCDE
16 de julho de 2008
O uso de etanol produzido no Brasil a partir de cana-de-açúcar permite a redução entre 70% e 90% das emissões de CO2 em comparação com os combustíveis fósseis, aponta o estudo Avaliação Econômica das Políticas de Apoio ao Biocombustível apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quarta-feira (16/07) em Paris.
Segundo o estudo, o etanol feito nos Estados Unidos a partir de milho diminui as emissões de CO2 entre 20% e 50%, ficando na maioria dos casos abaixo dos 30%. No caso do biodiesel produzido a partir de óleos vegetais, como é comum na União Européia, a economia em relação à produção convencional varia entre 40% e 55%.
A redução das emissões é a principal justificativa para as políticas de incentivo aos biocombustíveis, mas o seu efeito é mínimo, salienta o estudo. Em 2006, por exemplo, os incentivos – com subvenções –, teriam custado 6,9 bilhões de euros. Se não houver mudanças políticas, até 2015 este valor deverá aumentar em 15,7 bilhões de euros ao ano, avalia a OCDE.
Ainda segundo o estudo, o biodiesel e o bioetanol contribuem muito pouco para a preservação do clima. Se União Européia, Estados Unidos e Canadá mantiverem sua política atual, a diminuição das emissões de CO2 no setor dos transportes em 2015 será de no máximo 0,8%. Neste contexto, a OCDE critica as subvenções, as barreiras alfandegárias e as cotas de adição de biocombustível ao combustível fóssil praticadas por esses países.
Apelo à economia de energia
O relatório aponta que os incentivos à produção de biocombustíveis variam entre 600 e 1.100 euros por tonelada de CO2 que deixa de ser emitida na atmosfera. A OCDE assinala que, no comércio de emissões da UE, a tonelada custa 30 dólares (o que corresponde a 19 euros).
Há maneiras muito mais eficientes de fazer algo pela proteção climática, alerta o diretor de Comércio e Agricultura da OCDE, Stefan Tangermann. "A Europa e a América do Norte entraram juntas neste barco e agora deveriam deixá-lo juntas", sugere. Como alternativa, a OCDE aconselha os governos a incentivarem a economia de energia.
A esperança de que os biocombustíveis poderiam ser uma alternativa economicamente viável aos combustíveis fósseis acabou não se concretizando, escreve a OCDE. Para muitos tipos de combustíveis, a diferença de preço em relação ao diesel e à gasolina acabou não compensando devido ao aumento vertiginoso dos preços de produtos agrícolas.
A polêmica sobre a relação entre a produção de biocombustíveis e a crise de alimentos levou a União Européia a desistir de sua meta de chegar progressivamente ao percentual de 10% de mistura de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis até 2020.
Há duas semanas, os ministros da Energia dos países-membros decidiram ampliar o conceito para "10% de energia produzida por fontes renováveis", o que seria atingido, por exemplo, com o incentivo a veículos elétricos ou movidos a hidrogênio.