Obama: "Mandela foi gigante da história"
10 de dezembro de 2013O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a presidente Dilma Rousseff contaram entre os quase cem líderes de vários países do mundo que estiveram reunidos nesta terça-feira (10/12) em Johannesburgo, na África do Sul, para prestar homenagens ao líder sul-africano Nelson Mandela, que faleceu na quinta-feira passada, aos 95 anos.
Uma multidão se reuniu no estádio de futebol no bairro de Soweto para o memorial oficial de Mandiba, como Mandela era carinhosamente conhecido no seu país. Há 23 anos, os sul-africanos lotaram o mesmo estádio em apoio a Mandela, que tinha acabado de sair da prisão. O local tem capacidade para 90 mil pessoas.
Obama foi um dos mais aplaudidos ao entrar no estádio junto com sua mulher, Michelle, e foi apresentando como "um filho do solo africano".
Durante o seu discurso, o presidente dos EUA agradeceu à África do Sul por compartilhar "um gigante da história", como Mandela, com o mundo. Obama disse que Mandela não só ensinou as pessoas a lutar por seus ideais como também a traçar estratégias que tornem possível alcançá-los.
"Mesmo não sendo capaz de ser um exemplo tão bom quanto ele, Mandela me faz querer ser um homem melhor", disse Obama, que foi muito aplaudido. Ele disse que é importante não só lembrar e falar sobre as lições que Mandela deixou, mas também aplicá-las no cotidiano.
Sangue africano
Falando logo após Obama e antes do vice-presidente chinês, Li Yuanchao, Dilma disse que Mandela também inspirou a luta no Brasil e na América do Sul. "Nós, nação brasileira, que trazemos com orgulho o sangue africano em nossas veias, choramos e celebramos o exemplo desse grande líder que faz parte do panteão da humanidade." A brasileira foi a única representante da América do Sul a discursar na cerimônia.
Dilma qualificou o apartheid de "a forma mais cruel e elaborada de desigualdade política dos tempos modernos" e afirmou que Madiba é um exemplo e uma referência para todos. "Pela histórica paciência com que suportou o cárcere e o sofrimento, pela lúcida firmeza e determinação que revelou no seu combate vitorioso, pelo profundo compromisso com a justiça e a paz e sobretudo pela sua superioridade moral e ética", disse.
Com capacidade para receber 90 mil pessoas, o estádio exibia um contraste entre o preto, simbolizando o luto, e as bandeiras coloridas da África do Sul, assim como os trajes tradicionais africanos. A cerimônia, com muita cantoria, foi transmitida ao vivo para todo o mundo, e também em 90 localidades e em três estádios de futebol na África do Sul.
Coincidentemente, o memorial foi celebrado na mesma data em que as Nações Unidas celebram o dia dos direitos humanos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que Mandela foi um dos maiores líderes mundiais e que ele passou adiante suas mensagens de justiça e contra o preconceito através de seus próprios exemplos.
Vaias para Zuma
Também estiveram presentes à cerimônia o presidente da França, François Hollande, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, o presidente de Cuba, Raul Castro, e o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, entre vários outros. Num gesto inusitado, Obama e Castro se cumprimentaram com um aperto de mão.
Envolvido em escândalos de corrupção, o atual presidente sul africano, Jacob Zuma foi vaiado pelo público várias vezes durante o memorial.
Após a cerimônia, o corpo de Mandela vai ser velado na cidade de Pretoria, de 11 a 13 de dezembro, no mesmo edifício em que ele prestou juramento como primeiro presidente sul-africano negro. O funeral acontecerá no dia 15 de dezembro no vilarejo de Qunu, a 700 quilômetros de Johannesburgo, onde Mandela nasceu.
Desde que Mandela faleceu, o clima tem sido chuvoso em Johannesburgo, o que simboliza que Mandela está recebendo as boas-vindas de seus ancestrais, de acordo com tradições africanas.