Base do acordo não é confiança, mas verificação, diz Obama
14 de julho de 2015O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou nesta terça-feira (14/07) o acordo alcançado em Viena com o Irã como um passo para frear a expansão de armas nucleares no Oriente Médio – "a região mais volátil do mundo".
Em discurso na Casa Branca, Obama disse que o acordo torna o mundo um lugar "mais seguro e otimista", e deixou claro que a base do entendimento "não é a confiança, mas a verificação".
Com o acordo, afirmou o presidente americano, "foram interrompidos todos os caminhos" para o Irã conseguir uma bomba atômica: "Por termos negociado de uma posição de força e princípios, hoje freamos a expansão de armas nucleares nessa região."
Obama salientou, porém, que o acordo não resolve as diferenças entre os dois países. “Se o Irã violar o acordo, todas as sanções vão voltar a ser impostas contra o país", disse, lembrando que o pacto prevê “acesso a qualquer área suspeita" e inspeções "quando e onde forem necessárias”.
Rohani: "Fim de resoluções ilegais"
Já o presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou que é hora de concentrar esforços em “desafios conjuntos”. Para ele, “pessoas corajosas tornaram o acordo possível após 23 meses de negociação e engajamento construtivo”. Trata-se de um dia, prosseguiu, que marca a “história do país e da revolução" e em que "uma crise desnecessária foi resolvida”.
Ele lembrou que, domesticamente, o desenvolvimento da tecnologia nuclear poderá continuar e, ao mesmo tempo, "foram canceladas" todas as resoluções do Conselho de Segurança que, na visão iraniana, “eram ilegais".
O presidente iraniano afirmou que o regime de sanções nunca teve sucesso, mas afetou a vida das pessoas no país. Para ele, o compromisso nuclear é uma vitória para todas as partes envolvidas. Rohani sublinhou que o acordo marca o início de uma relação de cooperação com o mundo e que os esforços de Israel para obstruí-lo foram em vão.
O acordo é uma grande vitória política tanto para Obama quanto para Rohani, um político pragmático eleito há dois anos com a promessa de reduzir o isolamento diplomático do regime dos aiatolás.
Participaram das negociações em Viena representantes do Irã e do chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, França, Rússia, China, Reino Unido, mais Alemanha).
Com o acordo, as sanções impostas ao Irã por Estados Unidos, União Europeia e ONU serão removidas em troca de o governo iraniano concordar com restrições de longo prazo a seu programa nuclear – que países ocidentais suspeitavam ser uma fachada para a criação de uma bomba nuclear.
MP/rtr/afp