O urso de pelúcia que conquistou o mundo
22 de setembro de 2003Só no ano 2000, a Steiff, situada em Giengen, no sul da Alemanha, vendeu 1,5 milhão de bichos de pelúcia. Um terço deles eram ursos. O faturamento total foi de 118,5 milhões de marcos (60,5 milhões de euros). Em 2002, a Steiff comemorou o centenário do Teddy, o seu carro-chefe.
A almofada de alfinetes — Quando Margarete Steiff abriu em Giengen, juntamente com a irmã Pauline, uma loja de confecções de feltro, em 1877, jamais teria imaginado que causaria uma revolução nas brincadeiras infantis. "Na época, já existiam as bonecas, mas eram de porcelana e não dava para brincar com elas", conta Gaby Schöning, porta-voz da empresa, que tem hoje mil funcionários.
O primeiro brinquedo surgiu por acaso, em 1880. Margarete deu de presente à cunhada, no Natal, um elefante de pano como almofada de alfinetes. Como o elefante era muito mais macio do que os brinquedos da época, a criançada se apaixonou por ele e o tirou da mãe para brincar. Começou então a produção em série e logo no primeiro ano foram lançados 596 elefantes de pano no mercado.
Bicho x boneca — Diante da boa aceitação, Margarete passou a confeccionar apenas bichos e bonecas de feltro ou veludo. Já em 1898 foi feito o primeiro urso, só que ele era imóvel, como os demais bichos da produção. Foi o sobrinho de Margarete, Richard, que teve a idéia de combinar a figura do animal com a mobilidade das bonecas. Nasceu, então, em 1902, o primeiro urso Teddy.
Em sua vitrine de modelos históricos, a Steiff não possui hoje mais nenhum exemplar desse primeiro urso, de 55 centímetros de altura, do qual foram vendidas 3 mil unidades. Se ele ainda existisse, valeria uma fortuna. Em meados do ano 2000, um exemplar do modelo sucessor, de 1904, foi leiloado por 250 mil marcos (127,8 mil euros).
Homenagem ao presidente Roosevelt — O urso de pelúcia, que no começo ainda não tinha apelido, popularizou-se rapidamente na Alemanha e nos EUA. "Em 1907, produzimos com 2 mil funcionários a quantidade revolucionária de 974 mil ursos", informa Gaby Schöning.
O batismo com o nome de Teddy se deu em 1908, em homenagem ao presidente americano Theodor Roosevelt, que tinha se recusado, durante uma caçada, a abater um urso que estava amarrado. Logo depois, Roosevelt foi caracterizado, numa caricatura no Washington Post, como Teddy, o amigo do urso, inspirando a empresa a dar esse nome ao seu popular brinquedo.
Não só para crianças — Segundo a porta-voz da Steiff, apenas a metade dos ursos Teddy destina-se a alegrar os baixinhos. Nos EUA e no Japão, eles são vendidos quase que exclusivamente para adultos. Ao longo do tempo, abriram-se lojas especializadas em ursos de pelúcia. Por outro lado, os Teddies tornaram-se objeto de coleção para muitos de seus fãs.
Um deles é Jürgen Hubbert, diretor da DaimlerChrysler, que admite colecionar os ursinhos por nostalgia. Os bichos de pelúcia o consolavam muito quando criança, durante os ataques aéreos na Segunda Guerra Mundial, conta ele.
O diretor do Banco Central Alemão, Thomas Lo, é mais pragmático: coleciona os Teddies por causa da sua valorização. "Mesmo nos mercados financeiros, é raro ter margens de lucros semelhantes às deles", afirma.