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O quão dependente Taiwan é da China?

Thomas Kohlmann
6 de agosto de 2022

Regime chinês endurece o tom contra ilha, mas os dois lados são extremamente dependentes um do outro e não podem se dar ao luxo de interromper trocas comerciais.

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Helicópteros sobrevoam Taipei, perto de um arranha-céu. Um deles leva a bandeira de Taiwan
Helicópteros sobre a capital Taipei antes do Dia Nacional de Taiwan, em 2021Foto: Daniel Ceng Shou-Yi/ZUMA Press/dpa/picture alliance

Pequim flexiona seus músculos contra Taiwan. A liderança do país e do partido comunista em Pequim reagiu à visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan nesta semana com manobras militares e violações do espaço aéreo e das águas da república democrática insular.

E Pequim também respondeu com sanções: inicialmente, apenas frutas cítricas, filés de cavala e outros produtos de pesca foram afetados. Mesmo antes da visita de Pelosi, Pequim havia interrompido as importações de mais de uma centena de produtores de alimentos taiwaneses. Além disso, a exportação de areia natural para Taiwan, da qual depende a indústria da construção da ilha, agora deve ser proibida, entre outras coisas.

A economia da China, por outro lado, não pode se dar ao luxo de impor uma proibição na importação de commodities eletrônicas de Taiwan, como microchips ou componentes ópticos.

Potência econômica na costa da China

Taiwan tem uma população de 23 milhões - pouco mais de um quarto da população da Alemanha. E, semelhante à Alemanha, Taiwan é conhecida em todo o mundo por seus produtos industriais de exportação.

Sua indústria de semicondutores altamente desenvolvida é tão importante para Taiwan quanto a indústria automotiva é para a economia alemã. E uma comparação com a Alemanha mostra o quanto Taiwan é dependente das exportações. Cerca de 70% do desempenho econômico de Taiwan é atribuível às suas exportações - na Alemanha, em 2021, eram "apenas" 47%.

Enquanto em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da China era de 12.259 dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o valor em Taiwan era quase três vezes maior: 33.775 dólares.

A China é o parceiro comercial mais importante de Taiwan, seguido pelos EUA. Mais de 42% das exportações de Taiwan vão para a China, de onde Taiwan obtém 22% de suas importações. Em 2020, bens e serviços no valor de 166 bilhões de dólares foram trocados entre Taiwan e a China.

Taiwan também está entre os principais investidores na China continental. De acordo com o governo de Taipei, entre 1991 e o final de maio de 2021, as empresas de Taiwan investiram em um total de 44.577 projetos no valor de cerca de 194 bilhões de dólares.

As fábricas da Foxconn são um dos exemplos mais famosos disso. A empresa taiwanesa produz iPhones para Apple, smartphones Galaxy para Samsung e consoles de jogos para Sony em Shenzhen, no sul da China, e em fábricas no norte e oeste do país.

Homem caminha em frente a uma placa da TSCM
A fabricante de chips TSCM, de Taiwan, é uma das empresas mais importantes da economia mundialFoto: Walid Berrazeg/Zuma/picture alliance

E o fato de que semicondutores e outras tecnologias de TI respondem por mais da metade de todas as exportações de Taiwan mostra o quão importante a ilha é para o resto do mundo - incluindo a China. Simplificando, a parceria comercial de TI entre a China e Taiwan funciona da seguinte forma: a República Popular fornece matérias-primas essenciais, como terras raras e componentes eletrônicos de baixo custo produzidos em massa, enquanto Taiwan exporta semicondutores de alta qualidade e componentes ópticos para a China continental, que ainda carece de know-how.

O objetivo central da China é alcançar a capacidade de produzir os melhores chips - isso tem sido repetidamente enfatizado pelo governo chinês e pela liderança do partido comunista em programas como o Made in China 2025. Até agora, no entanto, ela ficou para trás em relação a esse objetivo.

Especialistas em segurança: a invasão está chegando

Se a meta for alcançada, acreditam os especialistas, as coisas podem ficar complicadas para Taiwan, e a reunificação forçada com a República Popular estaria na agenda do presidente Xi Jinping e do partido comunista.

Políticos de segurança ocidentais lembram que a China já afirmou repetidamente seu objetivo de unir Taiwan ao continente até o centenário da fundação da República Popular, em 2049 – se necessário, usando a força. Mas isso provavelmente acontecerá muito antes, acredita Roderich Kiesewetter.

O especialista em segurança da União Democrata Cristã (CDU) é encarregado da Comissão de Assuntos Externos do Bundestag (Parlamento alemão) e vice-presidente da Comissão de Controle Parlamentar, responsável pelo monitoramento dos serviços secretos alemães.

"Até agora, nossos parâmetros eram tais que dizíamos: Se a China for capaz de produzir semicondutores com a mesma precisão, velocidade e quantidade [que Taiwan] - isso não seria o caso antes de 2027 -, então um ataque é provável. Mas há escolas de pensamento na China que dizem: Neste momento, o Ocidente está muito comprometido com a guerra contra a Rússia e com o apoio à Ucrânia", afirmou Kiesewetter em entrevista à emissora de televisão alemã Welt.

Segundo Pequim, os americanos não têm força para travar duas guerras em duas frentes. Kiesewetter acredita que a China ainda não esteja pronta para uma invasão. No entanto, há sinais de alerta: "Temos que nos preparar mais rapidamente para uma escalada, mas não nos próximos meses".

Militares com roupa camuflada correm portando armas em um porto
Exército de Taiwan durante exercícios militares anuais, em julho de 2022Foto: Taiwan Ministry of National Defense/AP/picture alliance

Mais negócio do que ideologia

Para Kishore Mahbubani está claro que a China irá afirmar seus interesses de uma maneira cada vez mais dominante e implacável no futuro. Seu livro, A China Venceu? O Desafio chinês à supremacia americana mostra o que acontecerá quando a China ultrapassar os EUA como a maior economia do mundo.

Kishore Mahbubani também não acredita que Pequim usará força militar para incorporar Taiwan por enquanto. "Porque os chineses são muito mais homens de negócios do que ideólogos".

Para os tomadores de decisão em Pequim, os riscos superam claramente as oportunidades, enfatizou o cientista político, diplomata e ex-presidente do Conselho de Segurança da ONU de Singapura em entrevista à Bloomberg TV.

"Eles não pensam em termos de trimestres ou anos, mas em termos de décadas. E se forem fortes o suficiente, vão se vingar de qualquer humilhação que sofreram no passado porque não eram fortes o suficiente na época."