Os partidos políticos da Alemanha
19 de setembro de 2017União Democrata Cristã (CDU) / União Social Cristã (CSU)
Cor: Preta
Presidentes: Angela Merkel (CDU) e Horst Seehofer (CSU)
Candidata a chanceler federal pela CDU: Angela Merkel
Candidato a chanceler federal pela CSU: Joachim Herrmann
Membros: 430 mil
Particularidade: A CDU e a CSU constituem uma bancada só no Bundestag. Enquanto a CDU não está representada na Baviera, a CSU não apresenta candidatos fora deste estado.
Eleitores: Pessoas acima de 60 anos, cristãos praticantes, produtores rurais e profissionais liberais. No tocante ao nível educacional, os eleitores em geral têm nível médio e baixo.
Resultado da eleição federal de 2013: 41,5 por cento dos votos (311 de 630 assentos)
História: A CDU foi fundada na década de 1950, na sequência da Segunda Guerra Mundial, para atrair os eleitores cristãos conservadores da Alemanha Ocidental. O partido se tornou a força política dominante na Alemanha Ocidental pós-guerra e posteriormente na Alemanha unificada, sendo responsável pela maioria dos chefes de governo.
Konrad Adenauer, da CDU, governou a Alemanha de 1949 a 1963. Adenauer e seu ministro da Economia (e posterior sucessor como chanceler federal) Ludwig Erhard chefiaram o governo durante o chamado "milagre econômico". A reputação do partido como garantia de estabilidade continuou com outro chanceler federal da CDU: Helmut Kohl, que estava no governo durante a queda do Muro e a reunificação do país, em 1990.
Plataforma: A candidata à reeleição Angela Merkel, desde 2005 na chefia de governo, representa tanto uma continuação quanto uma ruptura com os valores tradicionais da CDU – juntamente com o Ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, os alemães confiam em Merkel como símbolo de estabilidade. Sua posição relativamente liberal com relação à imigração fez com que boa parte da base da CDU ficasse contra ela.
Parceiros preferidos de coalizão: FDP, SPD, eventualmente Partido Verde.
Partido Social-Democrata (SPD)
Cor: Vermelho
Presidente e candidato a chanceler federal: Martin Schulz
Resultado da eleição federal de 2013: 25,7% (193/630 assentos)
Membros: 440 mil
Eleitores: O SPD é tradicionalmente o partido das classes trabalhadoras e de filiados a sindicatos. O solo mais fértil para eleitores do SPD na Alemanha permanence nas áreas industriais e densamente povoadas do oeste da Alemanha, principalmente a região do vale do Ruhr, na Renânia do Norte, Hesse e Baixa Saxônia.
História: o SPD é o partido político mais antigo da Alemanha, fundado em 1875. Nas tumultuadas primeiras décadas do século 20, o partido funcionou como guarda-chuva para vários movimentos de esquerda, sindicais e comunistas. Mas com a fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD) em 1919, o SPD se tornou permanentemente a casa dos reformistas em vez dos revolucionários – embora isso não tenha impedido que seus políticos fossem enviados para campos de concentração durante o Terceiro Reich.
O primeiro chanceler federal do SPD – ainda presidente honorário do partido apesar de sua morte – foi Willy Brandt. Ele governou a Alemanha Ocidental de 1969 a 1974 após obter reputação internacional pela reconciliação com o Leste Europeu pós-guerra, quando foi ministro do Exterior em um governo de coalizão com a CDU. Brandt foi sucedido por outro chanceler do SPD, Helmut Schmidt, e ambos continuam sendo imensamente respeitados na política alemã. No total, o partido integrou o governo alemão por 34 dos 67 anos da República Federal da Alemanha e liderou coalizões no governo durante 21 deles.
Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017
Plataforma: O ponto forte do SPD sempre foi política social, defendendo uma forte infraestrutura social e educação. O SPD foi chave para a introdução de um salário mínimo nacional na Alemanha – atualmente 8,84 euros por hora – em 2015.
Contudo, a Agenda 2010, de reformas do mercado de trabalho, lançada pelo chanceler federal social-democrata Gerhard Schröder no início dos anos 2000 fez o partido perder parte de seu eleitorado tradicional. Assim, não é coincidência que a candidatura de Martin Schulz tenha sido marcada por uma "correção" agressiva da política anterior e por uma nova ênfase em justiça social e redistribuição tributária.
Parceiros preferidos de coalizão: Partido Verde, CDU, A Esquerda
A Esquerda
Cor: vermelho (pesquisas na cobertura das eleições frequentemente usam a cor rosa para diferenciar o partido do SPD)
Presidentes: Katja Kipping, Bernd Riexinger
Candidatos: Sahra Wagenknecht, Dietmar Bartsch
Resultado da eleição federal de 2013: 8,6% (64/630 assentos)
Membros: 60 mil
Eleitores: O reduto do partido permanence o território que compunhaa Alemanha de regime comunista, onde os apoiadores são os eleitores mais velhos. Já no oeste, os eleitores tendem a ser mais jovens e são os que votam "por protesto" para expressar seu desencantamento com partidos tradicionais. De acordo com pesquisas eleitorais, muitos desses eleitores se voltaram para o nacionalismo populista da AfD nos últimos dois anos.
História: Embora tenha sido fundado apenas em 2007, o partido A Esquerda tem uma história muito mais longa e ainda é considerado descendente direto do Partido da Unidade Socialista (SED), que governou a República Democrática Alemã no leste da Alemanha até a reunificação com o Estado ocidental em 1990. O partido A Esquerda foi formado por uma fusão do sucessor do SED, o Partido do Socialismo Democrático (PDS), e o Partido da Justiça Trabalhista e Social – A Alternativa Eleitoral (WASG), um movimento do oeste alemão formado por sindicalistas e membros do SPD desapontados com a Agenda 2010 de Gerhard Schröder. As figuras de destaque são Oskar Lafontaine e Gregor Gysi .
Em partes por conta de sua associação com a ditadura do leste da Alemanha, A Esquerda permanence um pária para outros partidos tradicionais e nunca fez parte de uma coalizão em nível federal, embora tenha muita experiência de governo em nível estadual.
Plataforma: Atualmente o maior partido de oposição no Parlamento alemão, A Esquerda é o único dos principais partidos do país que rejeita missões militares no exterior. O partido quer que a Otan seja dissolvida e o salário mínimo seja elevado para 10 euros a hora (ante os atuais 8,84 euros). Alguns cientistas políticos ainda consideram A Esquerda um grupo radical que é contra a ordem econômica capitalista. O partido reivindica apenas uma maior regulação do mercado, limites mais fortes ao número de locatários em propriedades imobiliárias e mais investimentos na área social.
Parceiros de coalizão: SPD, Partido Verde
Partido Verde
Cor: Verde
Presidentes: Cem Özdemir, Simone Peter
Candidatos: Cem Özdemir, Katrin Göring-Eckardt
Resultado da eleição federal de 2013: 8,4% (63/630 assentos)
Membros: 60 mil
Eleitores: Os redutos eleitorais do Partido Verde são as gesndes cidades do oeste da Alemanha, especialmente os centros universitários. Seus eleitores têm uma renda acima da média e trabalham na prestação de serviçosou na área da educação. Mas os eleitores envelheceram junto com o partido, que já tem 30 anos – menos de 10% deles têm hoje menos de 35 anos. Com o tempo, aumentou o poder aquisitivo dos eleitores dos verdes, e o partido luta hoje para atrair a classe trabalhadora.
História: O partido, cujo nome oficial é Aliança 90/Os Verdes, cresceu a partir de uma série de movimentos de protesto social na década de 1980, que marcharam por diversos motivos pedindo desde o fim da energia nuclear até direitos LGBT. Incluindo, é claro, proteção ambiental. O Partido Verde foi fundado em 1980 e em 1993 se uniu aos verdes da antiga Alemanha Oriental, que se chamavam Aliança 90.
O momento de maior destaque para o partido ocorreu no início dos anos 2000, quando se tornou parceiro do SPD no governo de Gerhard Schröder em uma coalizão do governo federal. Um dos ministros então foi o verde Joschka Fischer, na pasta do Exterior. Seu maior sucesso eleitoral, contudo, ocorreu na eleição de 2009, quando recebeu mais de 10% dos votos.
Plataforma: Especialistas tendem a dividir os Verdes entre "realistas", dispostos a comprometer metas do partido para ter voz no governo, e "fundamentalistas", um grupo mais de esquerda e mais próximo dos objetivos iniciais do partido. Os "realistas" foram gradualmente ganhando força, chegando ao ponto de os verdes terem participado de coalizões com o conservador CDU nos estados de Hessen e Baden-Württemberg.
Parceiros preferidos de coalizão: SPD, eventualmente CDU
Partido Liberal Democrata (FDP)
Cor: Amarelo
Presidente e candidato a chanceler federal: Christian Lindner
Resultado da eleição federal de 2013: 4,8% (0/630 assentos)
Membros: 54 mil
Eleitores: A maior parte dos eleitores são profissionais autônomos e liberais, especialmente pequenos empresários, dentistas, advogados, farmacêuticos – e uma baixa popularidade entre assalariados.
História: Os liberais tiveram mandatos no Parlamento alemão desde a criação da República Federal da Alemanha, em 1949, até 2013, quando o partido obteve menos de 5% dos votos.
Fundado em dezembro de 1948, o FDP foi de grande relevância para o sucesso do CDU e do SPD em sua época. Ele participou do governo federal por 41 anos, mais do que qualquer outro partido. Embora tenha sido sempre o parceiro menor em governos de coalizão, o FDP forneceu a esses partidos muitos ministros, alguns dos quais se tornaram grandes figuras históricas do pós-guerra na Alemanha, como o ministro do Exterior de Hemut Kohl, Hans-Dietrich Genscher.
Plataforma: O programa de partido se apoia no princípio de liberdade individual e direitos civis. É a favor de menos impostos, a desregulação dos mercados financeiros e contra o "Estado social".
Parceiros preferidos de coalizão: CDU
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Cor: Azul claro
Presidentes: Frauke Petry, Jörg Meuthen
Candidatos: Alexander Gauland e Alice Weidel
Membros: 27 mil
Eleitores: Do sexo masculino, jovens, baixo nível de ensino e baixos rendimentos. Apenas 15% dos filiados são mulheres. A AfD angariou eleitores de todos os outros grandes partidos (exceto do Partido Verde) e simultaneamente conseguiu mobilizar quem geralmente não vai votar.
Resultado da eleição federal de 2013: 4,7% (0/630 assentos)
História: O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) foi fundado apenas cinco meses antes da eleição de 2013. Desde então, conseguiu mandatos nos Legislativos de 12 estados alemães e no Parlamento europeu.
A AfD foi criada originalmente por um grupo de céticos com relação ao euro e em protesto à moeda única europeia, depois da decisão de ajudar a Grécia em 2010. Uma luta interna pelo poder em 2015 acabou com uma escorregada do partido para direita, após a saída do líder do partido Bernd Lucke e sua substituição por Frauke Petry. Sua posição nacionalista, contra imigrantes e anti-Islã, a fez obter força durante a crise de refugiados em 2015.
A AfD foi o único dos principais partidos da Alemanha a saudar a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a decisão britânica de deixar a União Europeia.
Plataforma: A AfD quer fechar as fronteiras externas da UE, instituir rigorosos controles de identidade ao longo das fronteiras nacionais da Alemanha e fomentar acampamentos para refugiados no exterior, para evitar que migrantes cheguem à Alemanha. O partido quer deportar imediatamente as pessoas cujos pedidos de asilo foram rejeitados. Defende também ajuda financeira para encorajar estrangeiros a retornarem a seus países de origem. Além disso, a AfD enfatiza a primazia da cultura alemã como cultura guia na Alemanha e rejeita a ideia de que o Islã seja parte da sociedade alemã. O partido também questiona se as mudanças climáticas são provocadas pelo homem e quer reverter a decisão da Alemanha de substituir a energia nuclear por fontes renováveis.
Parceiros preferidos de coalizão: descartada por outros partidos