O que se sabe sobre a vacina Covaxin
5 de novembro de 2021A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta quarta-feira (03/11) o uso emergencial de outra vacina contra a covid-19. Trata-se da Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biotech e produzida a partir de uma forma inativada do coronavírus.
Aqui estão as informações mais importantes sobre o novo imunizante:
O que distingue a nova vacina das outras disponíveis?
A Covaxin é produzida a partir de um antígeno do coronavírus inativado, o que a torna mais semelhante a vacinas tradicionais, como as contra a poliomielite, hepatite A, raiva, meningite ou gripe.
Até agora, as vacinas contra a covid-19 aprovadas na União Europeia e nos Estados Unidos são produzidas ou com a tecnologia mRNA ou à base de vetores.
No entanto, a Covaxin não é a única vacina de vírus inativado contra a covid-19 disponível no mercado. Os imunizantes das empresas chinesas Sinopharm e Sinovac (Coronavac) e a vacina cazaque QazVac também são vacinas produzidas por esse método.
As duas vacinas chinesas foram aprovadas em vários países do mundo, mas não na UE e nos EUA. A QazVac foi aprovada apenas no Cazaquistão e no Quirguistão. Já os outros imunizantes produzidos com vírus inativados estão atualmente em testes clínicos de fase 3.
A Covaxin é a oitava na lista de imunizantes contra a covid-19 para que a OMS autorizou o uso emergencial, desde o início da pandemia de covid-19.
Qual é a eficácia da Covaxin?
A Covaxin já recebeu aprovação para uso emergencial na Índia, em janeiro de 2020, quando os testes clínicos ainda estavam em andamento. Desde então, mais de 110 milhões já foram inoculados com ela.
Desse modo, já existem dados muito abrangentes sobre ela. A empresa Bharat Biotech declarou da seguinte forma sua eficácia, num artigo científico ainda não publicado nem revisado: acima de tudo, a vacina demonstrou eficácia de 93% contra a forma grave de covid-19, em que os pacientes têm que ser hospitalizados.
Ela também apresenta eficácia de 78% nos quadros clínicos menos graves, e de 64% nos casos assintomáticos. Isso significa que, a exemplo de outros imunizantes, quem foi vacinado ainda pode adoecer e contagiar. Porém a Covaxin salva vidas.
Por que a Covaxin é particularmente interessante para países em desenvolvimento?
A diferença mais importante em relação às vacinas anteriores é que a Covaxin pode ser armazenada em temperatura ambiente por até uma semana, antes do uso. Isso facilita muito o trabalho das equipes de vacinação, principalmente em países com infraestrutura precária.
A vacina produzida com tecnologia de vetor viral AstraZeneca, que é atualmente a mais adotada na Índia, onde é comercializada sob o nome CoviShield, também é adequada para países em desenvolvimento, mas ainda requer um refrigerador doméstico: armazenada entre 2ºC e 8ºC, pode ser aplicada dentro até seis meses.
Já as vacinas de mRNA são as mais difíceis de manusear: após a produção, devem ser armazenadas abaixo de 60ºC negativos. Por até duas semanas podem ser mantidas num freezer padrão, a menos 20ºC; e até cinco dias antes da aplicação, ser armazenadas num refrigerador simples.
A Covaxin estará disponível em breve em outros países?
A aprovação da OMS facilitará a exportação da Covaxin pela Índia para todo o mundo. Além disso, o país agora pode oferecê-la por meio da iniciativa internacional de distribuição de vacinas Covax.
A Bharat Biotech anunciou que vai expandir sua produção na Índia para pelo menos dois locais, em Hyderabad e Bhubaneswar, de modo que, a partir de fins de 2021, a empresa possa fornecer até 1 bilhão de doses por ano.
Quem será vacinado e com que frequência?
Para maiores de 18 anos, a Bharat Biotech recomenda a aplicação de duas doses, com intervalo de quatro semanas. A droga ainda não foi aprovada para imunização de crianças e adolescentes.
Até o momento, não há dados suficientes sobre a vacinação de mulheres grávidas e tampouco recomendações sobre o emprego da Covaxin em vacinação cruzada.
Cabe também esclarecer por quanto tempo a vacinação protegerá os pacientes imunossuprimidos ou portadores do HIV. No entanto o fabricante recomenda a imunização, já que para esses grupos o risco de covid-19 é especialmente alto.
Quais são os efeitos colaterais conhecidos?
As reações à vacinação são semelhantes às de outras vacinas contra o coronavírus: dor e possível inchaço no local da injeção, dores de cabeça, febre, dores no corpo comi na gripe, náuseas e tonturas, bem como erupções cutâneas.
Ainda não são conhecidos efeitos colaterais. Os alérgicos são aconselhados a esclarecer antes da vacinação se são sensíveis a algum componente do imunizante.