O pipocar de comerciais indesejados
Os anúncios comerciais que aparecem repentinamente em janelas adicionais (pop-ups) são um dos aspectos mais incômodos do uso da internet e, por isso, odiados pela grande maioria dos usuários. As janelas automáticas de propaganda tornaram-se uma prática usual de quase todos os portais, indiferente do seu conteúdo.
Para o setor publicitário, trata-se de um dos instrumentos mais eficientes da rede mundial de computadores. Algumas das janelas de publicidade são tão grandes, que encobrem inteiramente a homepage que se quer acessar. O usuário é obrigado a fechar o pop-up para prosseguir a leitura que lhe interessa. O pop-under pelo menos não é tão irritante, pois é aberto por trás da janela ativa, acessada intencionalmente pelo internauta.
E pobre de quem erra na hora de clicar para livrar-se da janela publicitária: termina, freqüentemente, envolvido num emaranhado exasperante de comerciais. Em alguns casos, a tentativa de fechar uma das janelas resulta até mesmo no surgimento de outros pop-ups e pop-unders: um interminável círculo vicioso, que já levou muito internauta ao desespero.
Software contra a praga
Os pop-ups comerciais começaram a disseminar-se há cerca de três anos. E tornaram-se uma verdadeira praga desde então. Não é de se admirar que um número cada vez maior de usuários da internet se rebele contra eles. Grandes empresas da internet – como Time Warner, Yahoo e Google – reconheceram o problema e marcharam em direção contrária: passaram a oferecer software, cuja única tarefa é bloquear a função geradora das janelas indesejáveis.
A empresa EarthLink foi a primeira a lançar um software para conter a invasão das janelas comerciais, há cerca de um ano e meio. Desde então, cerca de um milhão de clientes da firma já instalaram o programa.
A escolha é do usuário
Wolf Osthaus, da Federação Alemã do Setor de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom), louva o fato de existir, entretanto, um recurso técnico para impedir a geração de pop-ups. Mas adverte contra o seu completo banimento da internet. Segundo ele, o instrumento publicitário pode ser utilizado também de maneira proveitosa para todos. Em geral, os programas de bloqueio oferecem ao usuário a possibilidade de escolher se querem ou não os pop-ups de páginas isoladas ou de todo um domínio na internet.
Para Osthaus, essa possibilidade de escolha é importante. Do contrário, o internauta acaba cerceando a sua própria liberdade de informação. Afinal, as janelas geradas adicionalmente não são empregadas exclusivamente para anúncios comerciais: muitos portais, por exemplo, dos serviços de meteorologia, usam o recurso para oferecer interessantes informações complementares.
Um outro exemplo: empresas como a livraria online Amazon oferecem às vezes a seus novos clientes um bônus especial para a aquisição de livros, através de um pop-up. Quem bloquear inteiramente os pop-ups acaba perdendo tal vantagem.
Informação em troca de propaganda
Alguns especialistas consideram o bloqueio de pop-ups como um problema. Os usuários que lançam mão de tal possibilidade estariam, a seu ver, minando as bases da informação e do entretenimento gratuito na internet. Sem publicidade, o conteúdo de livre acesso na rede mundial de computadores logo seria minimizado. Ou seja: os pop-ups são o menor dos males e servem para garantir a existência de serviços gratuitos.
Wolf Osthaus não apóia esse ponto de vista. Ele acredita que os internautas têm de ser livres para utilizar a rede mundial da forma como desejarem. Não pode haver uma obrigação de aceitar a publicidade. Da mesma forma como não se pode impedir os telespectadores de se levantarem para buscar algo na geladeira, enquanto são transmitidos os comerciais na tevê.
Mas Osthaus defende a opinião de que a cultura de uma empresa também se reflete na utilização dos pop-ups: "Uma empresa séria sempre cuidará de fazer sua publicidade de forma interessante para o usuário e cuidará para que ele não se irrite."