O mundo fictício de "Jogos Vorazes"
18 de novembro de 2015Uma plateia formada sobretudo por jovens espera ansiosamente pela quarta e última parte da saga Jogos Vorazes, com o filme Jogos Vorazes: A Esperança - O Final, que tem sua pré-estreia nesta quarta-feira (18/11) no Brasil. Esse é um fenômeno cultural que se repete de tempos em tempos, mas o caráter serial é algo novo. Hoje, quando um filme se confirma como sucesso comercial mundo afora, a produção de continuações é quase certa.
Quando o diretor austríaco Fritz Lang levou sua monumental obra de ficção científica Metrópolis aos cinemas, em 1927, ainda se pensava de maneira diferente. Se fosse hoje, já teriam lançado Metrópolis Contra-Ataca ou, pelo menos, um Metrópolis II.
A virada veio na década de 1970, com o Star Wars, de George Lucas. Após o filme se mostrar como umsucesso de bilheteria, três anos depois, chegou ao mercado Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca. A última produção, Star Wars VII: O Despertar da Força, tem estreia prevista para 17 de dezembro deste ano, e outros filmes da franquia já estão programados até 2020.
À época do primeiro Star Wars, o termo "merchandising" também se tornou muito popular, e não apenas na indústria cinematográfica. O setor de brinquedos cresceu em larga escala. Mais tarde, videogames e jogos de computador associados à franquia foram um sucesso. Por isso, hoje é assim: quando um filme produzido com milhões de dólares é bem-sucedido, surge, em seguida, o que se chama de "cadeia de valor". Às vezes, os valores arrecadados com a venda de licenças para outros setores são maiores até do que o alcançado com bilheteria.
Visões do futuro
Normalmente, é um tipo muito específico de filme que consegue ser desdobrado em uma franquia de sucesso. Certos gêneros se dão especialmente bem com o jogo de marketing: filmes que apresentam aos espectadores mundos novos, que não correspondem ao real. Não por acaso, eles geralmente retratam visões do futuro.
O princípio simples do "bem contra o mal" varia repetidamente, com novos "ingredientes". Com cenários criativos – antes criados com papel machê ou plástico e gerados, hoje em dia, digitalmente por computadores –, produtores, diretores e técnicos conseguem elaborar, a cada filme, mundos artificiais completamente novos.
E não há limites para a imaginação. São filmes repletos de seres misteriosos, robôs de todos os tipos, androides e terrestres com os mais estranhos figurinos. Os meios de transporte lembram mais veículos da Idade Média que os modernos, mesmo em filmes que se passam no futuro, como o australiano Mad Max. As naves e outros veículos espaciais visionários costumam ter um papel especial, assim como as armas. Até o arco e a flecha podem entrar em cena quando a história se passa no futuro.
Recursos do passado
No final, filmes de fantasia e ficção científica e seus acessórios extravagantes de mundos fictícios não diferem tanto da velha escola. "Os equipamentos e figurinos de um filme se dividem em duas direções, uma comprometida com a fidelidade histórica e outra que cria um mundo de acordo com as suas ideias, mesmo que haja um fundo histórico", diz Ursula Vossen, jornalista especializada em cinema.
A última parte de Jogos Vorazes se passa num futuro não especificado. Mesmo assim, ela reúne diversos elementos do passado. O importante é que os realizadores do filme conseguiram desenvolver um universo fechado e apresentá-lo ao público.
Para uma determinada geração, esse mundo fictício é uma experiência inspiradora e que vai acompanhá-los, possivelmente, pela vida toda. Nos melhores casos, como o da série Star Wars, o fenômeno pode durar décadas e ser bem sucedido ao longo de gerações. Agora, resta esperar para ver se Jogos Vorazes: A Esperança - O Final também se tornará um sucesso mundial.