O mercado bilionário das apostas esportivas

Com a explosão do escândalo de manipulação de jogos do futebol alemão, as atenções das autoridades voltam-se para as agências de apostas esportivas, que movimentam juntas cerca de 1,2 bilhão de euros anualmente. No caso da Oddset, a única controlada pelo Estado e portanto oficial, as arrecadações com os jogos são destinadas a instituições culturais e esportivas, além de fins sociais.

Oficialmente só pode haver uma agência de apostas. Porém, pode-se encontrar cinco outras particulares que também realizam este tipo de atividade. Dois exemplos disso são a Gera e a betandwin, que obtiveram suas licenças ainda durante os tempos da República Democrática Alemã (RDA), mas que no momento têm sua validade questionada. Além das agências existem também os agenciadores, que oficialmente podem aceitar somente apostas para corridas de cavalo.

Além das casas alemãs há muitas empresas estrangeiras – principalmente austríacas e britânicas – ganhando cada vez mais espaço neste segmento. Apesar de pertencerem a países vizinhos, elas permitem que se façam apostas no Campeonato Alemão de futebol, através da internet. O contrário – apostar no mercado esportivo internacional –, entretanto, continua sendo atividade arriscada, por conta do monopólio de apostas no país.

Agências inoficiais

Traçar um panorama geral das casas de apostas ilegais, entretanto, é praticamente impossível, pois segundo o Departamento Federal de Investigações, há uma alternação constante dos responsáveis por elas. Nestes locais é possível apostar maiores quantidades em dinheiro e das mais diferentes maneiras, o que pode trazer ao apostador uma enorme perda ou um grande lucro.

O contrário acontece na agência oficial estatal, na qual são permitidas somente apostas combinadas e com valor máximo determinado: deve-se colocar dinheiro em pelo menos três diferentes jogos e em todos os resultados têm de estar corretos.

O paraíso dos apostadores na Alemanha ainda é a capital alemã. Foi em Berlim que teve início o escândalo de manipulação dos resultados no futebol alemão, protagonizado pelo ex-árbitro da Federação Alemã de Futebol (DBF), Robert Hoyzer. Outra característica deste mercado na Alemanha é que o futebol é responsável por aproximadamente 80% das apostas.

Ilegalidade favorece manipulação

No caso das casas de apostas particulares, qualquer tipo de jogo é possível. Segundo Theo Zwanziger, presidente da DFB, "todo esse negócio em torno das apostas esportivas mudou muito, principalmente nas [agências] particulares".

Nelas, é possível apostar em qualquer momento do jogo como, por exemplo, quando será dado o primeiro cartão amarelo, a primeira falta ou o primeiro lançamento. Isso estimula ainda mais as manipulações, afirmam especialistas. Com o intuito de reprimir este tipo de atividade, a DFB propõe um sistema de alerta às agências, como explica Zwanziger:

"Isto é, se elas [as agências] perceberem que subitamente um determinado jogo recebe um elevado número de apostas, poderiam dar um sinal indicando que ali pode haver alguma coisa errada. Isto faria com que a DFB tivesse a possibilidade, através da Comissão de Árbitros, de realizar a troca dos juízes a curto prazo", assim Zwanziger.

Condições de participação e legalização

Na Oddset – patrocinadora oficial da Copa do Mundo de 2006 – os apostadores podem permanecer no anonimato, mas os ganhos são de no máximo 500 euros, bem menos do que na concorrência. No caso de agências particulares, é preciso apresentar-se com carteira de identidade ou cartão de crédito, mas a compensação está nos lucros possíveis, que chegam a valores de cinco dígitos.

Na Inglaterra e Áustria as agências de apostas são legalizadas, o que poderia ser um caminho para a Alemanha, pelo menos é isso o que pensa Andreas Pietsch, diretor da Gera, uma das particulares do mercado alemão: "Vivemos no mercado europeu e sabemos que as apostas são liberadas na Áustria, que existem na Inglaterra, mas somente na Alemanha são criadas barreiras para o segmento. Uma legalização, entretanto, está por vir e é melhor nos prepararmos hoje que amanhã".

Políticos reforçam a intenção de intensificar o combate às apostas ilegais, também a fim de evitar mais fraudes dentro das quatro linhas. O que se pretende proibir também é que jogadores, árbitros, dirigentes e funcionários envolvidos nos jogos participem de apostas. Propostas concretas, entretanto, ainda não existem, uma vez que a situação legal é extremamente complexa.