O Brasil na imprensa alemã (13/06)
13 de junho de 2018Süddeutsche Zeitung – O Brasil que canta e dança, 12/06/2018
"'Sonhar não é proibido', confirmou Neymar Jr., que havia feito o golaço que ampliou temporariamente o placar para 2 a 0 [no amistoso da seleção contra a Áustria, que terminou com vitória brasileira de 3 a 0]. Na terra natal da valsa, o atacante do Paris St.-Germain torceu tanto os quadris do zagueiro Aleksandar Dragovic com passos de samba que este caiu sentado na pequena área. Em seguida, Neymar chutou a bola no meio das pernas do goleiro.
Em Viena, ficou claro que está tudo certo com os brasileiros. Depois de a zaga ser constante fonte de preocupação durante a Copa de 2014, agora o time de Tite só levou cinco gols em 21 jogos – metade dos que levou nas duas últimas partidas que disputou no Mundial passado (perdeu de 7 a 1 contra a Alemanha; e de 3 a 0 contra a Holanda na disputa pelo terceiro lugar).
Nos 21 jogos sob o comando de Tite, o Brasil obteve 86% de todos os pontos possíveis. Tal balanço foi conquistado pela última vez pela seleção que disputou a Copa de 1970, antes do torneio (87%) – ou seja, aquele time lendário que foi comandado pelo grande Pelé e que entrou em campo com um total de cinco 'Camisa 10': Rivelino, Tostão, Gérson, Jairzinho e Pelé.
Agora, antes da estreia na Copa, uma nova e intimidadora máquina ofensiva vem se revelando: contra os austríacos, os 'quatro tenores' brasileiros estiveram reunidos pela primeira vez no time titular: Neymar, Willian (FC Chelsea), Philippe Coutinho (Barcelona) e Gabriel Jesus (Manchester City).
Apesar de o primeiro gol, de Gabriel Jesus, ter sido irregular por ele estar impedido, o ponto foi o resultado da dominância brasileira em Viena. Coutinho, por sua vez, marcou com passe recebido de Firmino. Com esse gol, o Brasil, sob o comando de Tite desde 2016, aumentou a média de gols por partida para 2,23. O time marcou em 18 dos 21 jogos mais recentes.
E, com 85 partidas pela seleção, Neymar chegou ao mesmo número de gols nacionais acumulados por Romário: 55 em 74 partidas. 'Fiquei muito feliz de chegar a essa marca, quis homenageá-lo de alguma forma, imitei ele [sic] na comemoração', explicou um Neymar visivelmente animado depois da partida."
Sport Bild – "Vamos reescrever nossa história" – Entrevista com Tiago Silva, 13/06/2018
"Sport Bild: Thiago Silva, depois do drama do 7 a 1 contra a Alemanha, o recordista Brasil será hexacampeão mundial?
Thiago Silva (33): Todos os jogadores que estão no time jogam com um nível altíssimo em ligas de ponta. Estamos acostumados a lidar com grandes desafios. Além disso, nossa equipe tem qualidade individual, que sem dúvida faz a diferença – eu vou citar só o Neymar. E, desde que o Tite é o nosso técnico, alcançamos um nível inacreditável. Temos as condições para nos tornarmos campeões mundiais e reescrever a nossa história.
Na semifinal contra a Alemanha, a do 7 a 1, em 2014, você não jogou por causa de uma suspensão por cartão amarelo.
Muita gente diz que eu procurei essa suspensão nas quartas de final contra a Colômbia de propósito, para não precisar jogar contra a Alemanha. Isso é besteira, ainda nem sabíamos que iríamos jogar contra a Alemanha. Mais tarde, disseram que eu estava aliviado de não ter participado. Erraram também. Me sinto culpado como todos os outros que estavam em campo.
Mas, nas nossas cabeças, 2014 já não importa mais. Somos muito fortes mentalmente, isso foi o Tite que transmitiu para a gente. Mostramos isso em março com o 1 a 0 contra a Alemanha, mesmo que, no final, tenhamos ficado sob pressão. A vitória foi muito importante para a nossa autoestima."
zeit.de – Com a camisa da direita, 07/06/2018
"Agora é preciso saber que os uniformes nos tradicionais verde-amarelo-azul da equipe nacional brasileira se tornaram um símbolo da direita em protestos de rua – [um símbolo] daqueles que têm pensamentos nacionalistas e que, com sucessos futebolísticos, também tendem a ganhar importância.
Os outros 50% do país, as pessoas com pensamentos mais social-democráticos ou de esquerda, não sabem muito bem como lidar com isso. Puristas reduzem o gigantesco show da Copa do Mundo a pão e circo, a um gigantesco show midiático que distrai o povo dos maiores problemas do país. Outros dizem que simplesmente não estão com vontade de acompanhar futebol.
Mas no fundo eles sabem bem que isso vai mudar, que depois de alguns dias de investidas contínuas da mídia e dos primeiros sucessos da seleção, a vontade de fazer festa vai voltar. Já é possível ver camisas vermelhas [da seleção] à venda, com as quais se pode ser torcedor apesar de tudo, sem revelar a própria orientação política."
RK/ots
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