O Brasil na imprensa alemã (07/02)
7 de fevereiro de 2018Stern – O próximo Trump, 01/02/2018
"Bolsonaro, homofóbico declarado e defensor da ditadura militar, amigo da tortura e da pena de morte, de repente é favorito para as eleições presidenciais de outubro.[...]
Bolsonaro considera os homossexuais, por exemplo, algo anormal: diz que preferiria filho morto em acidente a filho gay. À deputada Maria do Rosário, ele disse que só não a estupraria porque ela não merece. Os negros ele atestou serem preguiçosos. Ele defendeu um retorno à ditadura, e durante o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff dedicou seu voto ao oficial militar que a torturou. [...]
A candidatura de Bolsonaro é como uma revolta, uma cruzada contra o status quo e o politicamente correto. Somente 13% dos brasileiros estão satisfeitos com a democracia, o pior índice da América Latina, e 97% acreditam que o governo serve apenas a uma pequena elite. [...]
Novas investigações mostraram que o demagogo possui 13 imóveis no valor de quase quatro milhões de euros, apesar do fato de que seu salário como parlamentar nunca somaria isso. Bolsonaro se defende com seu habitual gosto pelas hipérboles à la Trump: "O Brasil vive a maior campanha de assassinato de reputação de sua história recente".
Die Welt – A luz do Brasil, 03/02/2018
No enorme escândalo de corrupção em torno da Odebrecht e da Petrobras, as quais políticos de todos os campos subornaram para ter acesso a contratos públicos, a ex-senadora Marina Silva ficou imune até agora. E na campanha eleitoral que se inicia, ela é a alternativa prudente ao populista de direita Bolsonaro, que provoca com sua polêmica homofóbica racista e misógina. [...]
Marina defende sua "terceira via", que deve pavimentar um futuro para os brasileiros além da política partidária de esquerda e de direita. O que exatamente ela quer dizer com isso, ela ainda não revelou. [...]
Ela se beneficia de sua conversão, em 2004, a uma das mais poderosas igrejas evangélicas, a Assembleia de Deus. Tendo em vista a crescente influência das igrejas pentecostais, esta é certamente uma vantagem. Com sua rejeição ao casamento homossexual, Marina representa posições conservadoras, que tornam a ex-socialista elegível também no campo de direita.
Também partes da esquerda poderiam apoiar Marina, se o Partido dos Trabalhadores de Lula não conseguir estabelecer um candidato forte e se no segundo turno houvesse uma disputa entre Bolsonaro e Marina. Um homem rico, branco e racista contra uma mulher afro-brasileira de origem pobre. Uma campanha eleitoral dificilmente poderia ser mais cheia de contrastes.
Zeit Online – Olá, zika, você ainda está aí?, 01/02/2018
Por muito tempo, o vírus da zika foi visto como o pequeno e inofensivo irmão do mortal vírus da dengue. [...] No fim de 2015, o cenário mudou drasticamente, quando, de repente, o zika se espalhou rapidamente no Brasil. E deixou marcas dramáticas: milhares de crianças nasceram com cabeças pequenas demais e malformadas, achatadas na testa e na parte de trás. Transmitido a grávidas por mosquitos, o vírus migrou pelo sangue para os úteros e para as células dos nascituros, onde causou as malformações.
A partir do Brasil, o vírus continuou se espalhando, e já em fevereiro de 2016, 28 países da América Latina e do Caribe eram afetados. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 1º de fevereiro de 2016, emergência de saúde global, o vírus havia se transformado num aparente perigo para todo o mundo. Hoje, exatos dois anos depois, o zika foi quase esquecido. [...]
Fica a pergunta: o zika foi superestimado? Há indícios de que sim. Enquanto o zika nunca é fatal, milhares de pessoas morrem todos os anos por consequência da dengue. [...] E também o vírus da febre amarela, que durante muito tempo foi considerado contido, atingiu em cheio o Brasil no ano passado. A OMS deve, portanto, avaliar a questão de se a reação ao vírus da zika foi exagerada. Afinal, foram investidos milhões na pesquisa sobre o zika que poderiam ter sido usados em outros lugares.
LPF/ots
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