“Acho que nós, mulheres na Índia, muitas vezes não nos atrevemos a sonhar grande, sermos destemidas e imaginar o que podemos fazer com as nossas vidas. Há muitos temas sobre os quais temos que falar nesse país, mas isso não acontece. Ainda há expectativas e pressão constantes de uma estrutura social patriarcal hegemônica”, comenta Ita Mehrotra. Para ela, a arte é a melhor forma de expressar suas ideias sobre a vida.
Em 2020, Ita tomou conhecimento de um movimento liderado por mulheres em Nova Déli. Elas bloquearam uma das principais vias da cidade para protestar contra a nova lei de cidadania do governo que, segundo críticos, discriminaria os muçulmanos. O trabalho de Ita sobre esse protesto agora faz parte de um livro - uma narrativa gráfica poderosa sobre mulheres na vanguarda de um movimento social. “Porém, estamos vendo o que o governo e o Estado estão fazendo com as jovens que levantam a voz e se atrevem a discordar. Estamos numa situação em que, por um lado, há as mulheres na vanguarda dos movimentos populares e, por outro, um Estado que está esmagando e querendo sufocar qualquer forma de dissidência. É um momento em que realmente podemos fazer o que quisermos”, afirma a artista.