"Subserviência não nos faz crescer", diz Lula na Colômbia
18 de abril de 2024Em vista à Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o fortalecimento da integração entre os países da América do Sul. Ele disse que, dessa forma, as nações sul-americanas poderão ser mais respeitadas pelas potências mundiais.
"Quanto mais fortes nós estivermos, mais seremos respeitados por Estados Unidos, União Europeia, China, Rússia ou pela Índia. Não é a subserviência que faz a gente crescer. O que faz a gente crescer é uma posição ativa e altiva para que a gente se faça respeitar no mundo dos negócios. Precisamos de uma chance", afirmou, durante o Fórum Empresarial Brasil-Colômbia, em Bogotá.
"Não é possível que a gente não tenha nenhuma Holanda, Finlândia, Noruega, Dinamarca. É tudo pobre? Será que Deus não olha para este continente e vê que somos bons, que somos cuidadosos? O problema está na gente definir o tamanho que a gente quer ser".
Agenda ambiental comum
O Brasil é o terceiro maior parceiro da Colômbia e as exportações brasileiras para o país apresentam tendência de crescimento desde 2003. No ano passado, o comércio bilateral totalizou 6,1 bilhões de dólares. As exportações brasileiras alcançaram 3,8 bilhões de dólares e as importações da Colômbia somaram 2,3 bilhões de dólares.
"Estamos falando de duas das três economias mais importantes da América do Sul. Juntos, somamos 255 milhões de consumidores. A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável", afirmou Lula, em discurso aos empresários no Fórum Brasil-Colômbia.
A visita de Lula à Colômbia é considerada um passo importante na reaproximação entre os dois países, que teve início com a presença do presidente colombiano, Gustavo Petro, na posse do petista em seu terceiro mandato, em 1º de janeiro de 2023.
Em maio do ano passado, Petro esteve novamente em Brasília para a reunião de presidentes da América do Sul. Lula, por sua vez, esteve presente no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, em julho de 2023, em Letícia, na Colômbia. Além disso, o Brasil voltou a participar da Mesa de Diálogos de Paz entre o governo colombiano e os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Brasil e Colômbia buscam uma agenda ambiental colaborativa, em um momento em que a América do Sul está no centro das discussões sobre meio ambiente e no que diz respeito à luta contra as mudanças climáticas.
Em outubro, a Colômbia sediará a Cúpula de Biodiversidade da ONU, a COP16. O Brasil se prepara para receber 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, em 2025.
Investimentos em energia limpa
Lula disse ainda que os dois países tem plenas condições de "exportar sustentabilidade", e lembrou uma fala de Petro durante sua visita a Brasília em maio do ano passado, quando o colombiano afirmou que a América do Sul poderia se tornar a "Arábia Saudita da energia limpa".
"O presidente Petro tem toda a razão. A maior parte do fluxo de investimentos entre nossos países já se concentra no setor energético", destacou.
O brasileiro disse que Brasil e Colômbia estão "bem posicionados para fazer frente ao imperativo da transição ecológica e da reindustrialização das economias". "Noventa por cento da energia elétrica consumida no Brasil tem origem em fontes renováveis", destacou.
O presidente defendeu que os dois países atuem juntos no combate ao desmatamento, ao crime organizado e ao garimpo na Amazônia.
Petro, por sua vez, afirmou que a Amazônia deve unir Brasil e Colômbia. "A selva amazônica não deve ser vista como um abismo entre os dois países. É justamente o contrário. Tem que ser uma ponte", sublinhou.
Adesão colombiana ao Brics
O Brasil deverá patrocinar a inclusão da Colômbia no Brics. As chancelarias dos dois países divulgaram nota conjunta afirmando que Petro pediu a adesão colombiana ao bloco de nações em desenvolvimento, que no ano passado passou por sua maior expansão e possui agora dez membros.
"O presidente Petro manifestou o interesse da Colômbia de aderir ao Brics como membro pleno no menor prazo possível, e o presidente Lula acolheu com beneplácito essa iniciativa e se comprometeu a promover a candidatura da Colômbia", afirmaram as chancelarias.
Havia a possibilidade de a Argentina aderir ao bloco, mas, após a posse do presidente Javier Milei, no final do ano passado, o governo argentino abandonou a ideia. Atualmente, os membros são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
"Quem sabe a nossa querida Colômbia possa participar dos Brics", disse Lula em declaração após encontro com Petro.
A Colômbia participará das reuniões do G20, organizadas neste ano pelo Brasil, e manifestou interesse em aderir à proposta de Lula de uma aliança global contra a fome e a pobreza. Lula, por sua vez, deve participar da COP16 da Biodiversidade, em Cali, em outubro.
rc/le (ots)