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Novos membros da Otan: mais problemas que vantagens

av2 de abril de 2004

Exércitos decadentes e falta de disposição para modernizar-se: os sete novos países-membros da Otan não têm muito a oferecer em termos militares à aliança ampliada.

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Os 26 membros da Otan reunidos na Casa BrancaFoto: AP

O primeiro encontro informal dos ministros do Exterior da Organização do Tratado do Atlântico Norte ampliada está marcado para esta sexta-feira (02), em Bruxelas. Pela primeira vez as bandeiras dos sete novos membros serão hasteadas diante do quartel-general da aliança.

Com a filiação oficial da Letônia, Lituânia, Estônia, Bulgária, Romênia, Eslováquia e Eslovênia, no dia 29 de março, em Washington, a Otan passou a contar com 26 países membros. Entretanto, a contribuição militar dos novos filiados será modesta. E isso não é tudo: em seu relatório, o Centro Internacional de Conversão (BICC), sediado em Bonn, apresenta um balanço desalentador: exércitos decadentes e falta de disposição para modernizar-se.

Contribuição modesta

Festejada pelos políticos, a maior ampliação na história da Otan pode resultar em mais dores-de-cabeça do que vantagens, do ponto de vista militar. Andreas Heinemann-Grüder, perito do BICC em Leste Europeu, explica que os novos membros poderão ser úteis sobretudo prestando serviços, como fornecer locais para o estacionamento de tropas e para aeroportos. E mesmo isto se aplica sobretudo aos países maiores, como a Romênia. As possibilidades das nações menores são mais restritas ainda.

Um balanço decepcionante. Apenas de 10% a 15% das tropas dos sete recém filiados estão em condições de participar de operações da Otan, apesar dos programas de ajuda que antecederam sua adesão. O restante de seu contingente está em estado desolador. O abismo que os separa dos outros membros da Otan não é apenas técnico, ele já começa com os incipientes conhecimentos do idioma inglês entre os oficiais.

Naturalmente a maior parte dos arsenais das nações do Leste Europeu anda provém da União Soviética. Segundo Heinemann-Grüder, é extremamente custoso substituir os sistemas de grandes armamentos – em especial os tanques, aviões, helicópteros e veículos blindados. Em certos casos, a Otan simplesmente fornece de graça equipamentos seus obsoletos, ou os vende por preço módico. Peças condenadas como sucata no Ocidente serão utilizadas ainda durante 10 ou 15 anos pelos parceiros do Leste.

Segurança barata

O especialista do BICC continua, com ceticismo: o motivo mais freqüente para a adesão à Otan é gozar de proteção contra intervenções por parte de nações inimigas. Neste caso, o Artigo 5º do acordo de aliança garante apoio militar. Heinemann-Grüder acha bem provável que, em conseqüência, os novos membros logo diminuam seus orçamentos de defesa. Em bom português: para eles, a participação na aliança não passa de uma garantia barata de segurança. Um ponto de vista que torna ainda menor a necessidade de modernizar-se. Diante da enorme necessidade de capitais para tocar as reformas nos ex-países socialistas, qualquer economia de recursos é bem-vinda.

Naturalmente, quando se fala em modernização, há interesses comerciais em jogo, Os calouros são um mercado potencial para a indústria armamentista dos antigos países membros, mas essa expectativa nem sempre se concretiza. Um exemplo é a Hungria: em vez de comprar equipamentos dos Estados Unidos ou de outros países, Budapeste preferiu encomendar helicópteros da Suécia.