Novo Museu
16 de outubro de 2009O Novo Museu (Neues Museum) foi considerado por 60 anos a "mais bela ruína de Berlim", uma cicatriz na Ilha dos Museus, um complexo reconhecido em 1999 como Patrimônio Cultural da Humanidade no centro da capital alemã. Muitos detalhes do edifício inaugurado em 1855 e projetado pelo arquiteto Friedrich August Stüler, discípulo de Karl Friedrich Schinkel, haviam sido danificados ou completamente destruídos durante a Segunda Guerra Mundial.
Onze anos duraram as obras de restauração executadas pelo arquiteto britânico David Chipperfield, e que consumiram, ao todo, 213 milhões de euros. Em março de 2009, 35 mil pessoas aproveitaram a oportunidade quando o museu, ainda vazio, abriu suas portas por dois únicos dias a visitantes interessados.
O interesse é compreensível. Na opinião do presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, Hermann Parzinger, poucas construções na Alemanha simbolizam tão bem quanto esta a "ruptura cultural" empreendida pelo regime nazista. Agora, 20 anos após a queda do Muro de Berlim, encerra-se uma nova fase na conturbada história do edifício, disse a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
Correspondência temática
Com a abertura do Novo Museu, todos os cinco edifícios pertencentes ao complexo (os demais são a Antiga Galeria Nacional, o Museu Bode, o Museu de Pérgamo e o Museu Antigo) estão agora abertos à visitação pública. Até 2013, será inaugurada ainda a Galeria James Simon, planejada para ser a porta de entrada do complexo de museus.
O Novo Museu reúne acervos que, desde a Segunda Guerra Mundial, estavam espalhados por museus no leste e no oeste de Berlim, como o Museu Egípcio, a Coleção de Papiros e o Museu da Pré e Proto-História. Eles agora não só ocupam o mesmo prédio, mas também estão relacionados tematicamente.
"Dessa forma, o desenvolvimento das culturas proto e pré-históricas do Velho Mundo, do Oriente Próximo ao Atlântico, do norte da África à Escandinávia se torna compreensível com uma amplitude e densidade até então inéditas", argumenta o museu.
Ao todo, há cerca de 9 mil peças distribuídas num espaço de aproximadamente 8 mil metros quadrados. O "diálogo das coleções" tem início já no piso de entrada. À esquerda e à direita do vestíbulo, estão expostos acervos arqueológicos: um saguão pertencente ao Museu de Pré e Proto-História exibe representações de sagas germânicas, enquanto outro, o Salão Mitológico, com seu teto revestido de azul-cobalto, faz parte do Museu Egípcio.
Na asa oeste do primeiro andar, o destaque é a coleção de antiguidades troianas, cedidas ao museu pelo arqueólogo Heinrich Schliemann. Na asa leste, destacam-se três câmaras de sacrifício egípcias, montadas como eram no original.
O diálogo entre as coleções prossegue no segundo andar: em uma extremidade está o busto da rainha egípcia Nefertite – um dos maiores destaques do museu – e, contraposta a ela, na outra extremidade, uma escultura romana de Hélio, deus do sol, em mármore. Entre elas, estão expostos tesouros do acervo da Coleção de Papiro, que contam 4 mil anos de história literária do Egito Antigo.
No terceiro piso, foi instalado o acervo do Museu da Pré e Proto-História, com peças que remontam aos princípios da história da cultura, da Idade da Pedra à Idade do Bronze.
Ligação entre os prédios
No subsolo, estão à mostra sarcófagos egípcios, romanos e pré-cristãos. Lá já começa a tomar forma o projeto de criar uma área comum a todos os museus da ilha. "Esta é uma oportunidade excelente de interconectar o universo artístico da Ilha dos Museus na forma de uma galeria interdisciplinar, à qual contribuam todos os museus", celebra Parzinger, da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano.
A conexão com o Museu Antigo, ao sul, e com o Museu de Pérgamo, ao norte, já foi preparada pelo arquiteto Chipperfield. No entanto, ainda não se sabe quando o projeto será concluído.
RR/epd/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer